BOAS LEMBRANÇAS
Minha
avó Maria Luisa de Araújo (1896-1977) ocupava o tempo livre fazendo crochê na
cadeira de balanço da área ajardinada ou da sala, enquanto ouvia rádio. Ela
estava sempre procurando pontos diferentes para as suas criações. Um dia
resolveu fazer um vestido para mim.
Lembro
vagamente que ela pesquisou cores e linhas e que fez algumas amostras antes de
se decidir a, finalmente, iniciar o trabalho que não demorou muito para ser
concluído. Ela usou uma linha fina cor de rosa; os arremates da barra e do
decote foram feitos com um trançado de tecido da mesma cor. Uma costureira fez
a montagem.
Usei
o vestido poucas vezes e o guardo com muito carinho porque ele é de certa forma
a materialização do amor que ela sempre teve por mim. Em 2009 participei da
oficina para terceira idade sobre memória, promovida pelo Museu de Arqueologia
e Etnologia da USP e, na exposição final, apresentei o vestido em homenagem a
minha avó.
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