PÁSCOA E OVOS
Abril sem duas sextas-feiras seguidas, graças
aos feriados cristão (14) e cívico (21). Se as pessoas estão realmente ligadas
à simbologia religiosa da Páscoa não tenho ideia, mas certamente há uma
correria geral para comprar ovos de páscoa. Quanto a Joaquim José da Silva
Xavier quero crer que seja devidamente reverenciado nas escolas por sua
participação em um importante momento histórico do Brasil, porém, sou cética.
Creio que o interesse quase geral é pelo feriado e as suas possibilidades.
Os povos antigos do hemisfério norte
comemoravam a chegada da primavera na primeira lua cheia da nova estação. Os
judeus celebravam a partida do Egito rumo a Jerusalém (Pessach) também na primeira noite de lua cheia da
primavera. Como Jesus teria morrido na sexta-feira da páscoa judaica, a igreja
católica instituiu a semana santa no ano de 325 (Conselho de Niceia):
quinta-feira de endoenças, sexta-feira da paixão (morte de Jesus); sábado de
aleluia (ressurreição) e domingo a páscoa (celebração da vida). A páscoa é uma
festa móvel, baseada no calendário lunar, assim como o carnaval cuja data
depende da lua cheia da primavera (outono aqui no hemisfério sul).
Em
muitas culturas o ovo é
considerado símbolo do
nascimento e da vida. Quando
viram os portugueses comendo ovos os nativos brasileiros ficaram horrorizados,
segundo historiadores; entretanto, apreciaram muito os galináceos em geral. A
pintura de ovos de galinha é uma tradição praticada por gregos e egípcios e
comum na Europa muito antes do advento do cristianismo.
Nos dias atuais, graças
aos apelos publicitários, as pessoas querem mesmo ovos de chocolate bem
recheados de guloseimas – alguns até incluem algum mimo não comestível. No ano
passado a produção girou em torno de 80 milhões de ovos ou 20 mil toneladas de
chocolate!
Muito antes de a
publicidade mover o mundo, a paixão de um homem por uma mulher induziu a
criação de um ovo muito especial. Resumo da ópera: Maria Feodorovna, mulher do czar
Alexandre III da Rússia, era apaixonada desde criança por um ovo decorativo da
tia, princesa Guilhermina da Dinamarca. Em 1885 Alexandre III para
surpreendê-la encomendou um ovo ao joalheiro Peter Carl Fabergé. A parte externa era esmaltada
de branco, o que lhe conferia a aparência de um ovo de verdade; porém quando o
ovo era aberto revelava a gema de ouro; a gema, que também se abria, escondia
uma minúscula galinha e uma réplica de diamante da coroa imperial russa.
Maria Feodorovna e a
família Romanov se encantaram com o valioso e criativo presente de Páscoa.
Fabergé foi incumbido de criar todos os anos um ovo, ou melhor, uma joia na
forma de ovo. O filho do casal, Nicolau II, prosseguiu com a tradição. Foram
criadas cinquenta peças, mas só restam 43 – dez permanecem no Kremlin; o primeiro
e mais oito ovos podem ser vistos no Fabergé
Museum (S. Petersburg, Rússia); The Rose Trellis Egg encontra-se
no Walters Art Museum (Baltimore, USA),
cinco são propriedade do Virginia Museum of Fine Arts e os demais fazem parte
de coleções particulares.
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