terça-feira, 24 de outubro de 2017

 UMA DISNEYLÂNDIA PARA ADULTOS

Viva Las Vegas turnin' day into nighttime
Turnin' night into daytime
If you see it once
You'll never be the same again.*

Em Las Vegas (Nevada,EUA) nada é o que parece. Ou, como já disse o poeta, “assim é se lhe parece”. As montanhas Rochosas que a rodeiam são secas e têm um belo tom rosado, mas palmeiras verdejantes fazem parte da paisagem urbana. Aquelas vedetes? Ah! Só estão ali na calçada para aparecer na sua foto e ganhar um trocado, assim como o pirata Jack Sparrow entediado não é o Johnny Deep. A pirâmide é plana, a esfinge nunca foi tão jovem e o que faz a Estátua da Liberdade logo ali? Uma aula de história e geografia fica difícil por lá, mas um cataclismo planetário explicaria essa mistura inusitada de épocas e lugares. 
Há várias Las Vegas: a noturna – musical e deslumbrante com suas luzes faiscantes; e a diurna, ridícula sob o sol intenso revelador da farsa, do grotesco sem, entretanto, perder o poder de divertir. Las Vegas verdadeira vai muito além da Strip onde se alinham mais de trinta hotéis-cassinos. A cidade abriga várias indústrias de tecnologia de telecomunicações e jogos eletrônicos. A Universidade de Nevada, situada em Vegas (pública) tem cerca de trinta mil alunos. Museus? Há vários desde Natural History Museum, Madame Toussauds, The Neon Museum, Discovery’Children Museum McCarran Aviation Museum e Liberacce Museum Collection, Erotic Heritage Museum e The National Atomic Testing Museum e vários museus que têm carros como tema. Em meio a essa balburdia tudo é possível. Até descobrir uma igreja católica entre dois cassinos.
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Da sua área total de 351,9 km², apenas 0,1 km² corresponde à água. Nesse clima desértico, floresce a fantasia adulta que arrasta multidões para a única avenida que importa realmente – Las Vegas Boulevard – onde fontes dançantes adornam lagos fantásticos; cachoeiras dão frescor ao boulevard lotado de carros e gente; gôndolas deslizam em águas azuis numa falsa Veneza. Mais modesta, porém, não menos importante, a Fremont Street em downtown também tem seu papel nesse mundo de sonho em pleno deserto. Foi lá que tudo começou.


O Flamingo é um dos mais antigos cassinos da cidade. O gangster Benjamin Siegel (1906-1947), conhecido como Bugsy, construiu o cassino com um empréstimo do sindicato do crime. A casa foi inaugurada em 26 de dezembro de 1946 e Bugsy, assassinado em 1947 pela máfia por se recusar a pagar a dívida.  
O tempo da máfia passou. Os cassinos são fiscalizados de perto pela Comissão de Jogos do Estado de Nevada, que regula desde a emissão de fichas até o licenciamento dos funcionários. Há mais de 250 cassinos em Nevada, sem contar os estabelecimentos de nativos americanos e os de caridade. Nada é aleatório. Eles funcionam em conjunto com grandes e luxuosos hotéis abertos aos visitantes. A circulação é projetada para que sempre as pessoas passem por um dos setores de jogos e por entre as máquinas caça-níqueis. Não há janelas para que o jogador não perceba a passagem do tempo. O ar é renovado constantemente dando uma sensação de bem-estar às pessoas. Há sempre música ambiente. Além do jogo há shows grandiosos, restaurantes, lanchonetes e lojas para todos os bolsos.

A cidade, que tem 583 756 habitantes, recebeu 42,9 milhões de pessoas em 2016, de acordo com a Las Vegas Convention & Visitors Authority. Nem todos turistas e jogadores: mais de 6,3 milhões de pessoas foram a negócio para eventos e convenções. Todos os caminhos do Las Vegas boulevard, entretanto, conduzem aos cassinos: escadas rolantes levam às passarelas e às vezes o acesso às passarelas é por dentro de um cassino. 








Viva Las Vegas”, de Doc Pomus / Mort Shuman. Gravação: Elvis Presley.

Fotos: Hilda Araújo, outubro, 2017.


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