A CAMINHO DA FAMA
Chega-se a Hollywood de metrô. Para a fama
o caminho é mais longo e muitas vezes sem saída. Quando se desembarca na
Estação Hollywood Vine, encontra-se o cenário pronto: o ambiente inclui um
palco de cada lado, duas câmeras prontas para entrar em ação e rolos de filmes
forrando as paredes. Tudo muito criativo. Ao sair já se pisa na calçada da fama
que cobre toda extensão do Hollywood Boulevard. Dez passos e a brincadeira torna-se maçante. Difícil achar seu astro
predileto. É preciso ser muito fanático para sair procurando. E assim você
caminha distraída sobre uma constelação de estrelas quase tão extensa quanto a
Via Láctea.
Há cerca de vinte anos um grupo de empresários e moradores de Hollywood
tem se dedicado à revitalização da região. Pelas calçadas do bulevar uma
multidão se acotovela enquanto os veículos com turistas passam de um lado para
o outro. Meu destino: Museu de Hollywood. Um caminho repleto de lugares
marcantes da história do cinema norte-americano. Como o Teatro Egípcio construído
em 1922 por Sid Grauman, um showman,
e Charles E. Toberman, empresário ligado aos negócios imobiliários. Fez tanto
sucesso que em 1926 Grauman investiu na construção do Teatro Chinês, inaugurado em 1927. Famoso por seu pátio com
assinatura e a impressão de mãos de grandes astros de Hollywood. Carmen Miranda
está lá. É bom saber que ela não foi esquecida. Há até a Carmen Miranda Square.
Enfim, o Hollywood Museum! Ele
funciona no prédio que pertenceu a Maksymilian
Faktorowicz (1872-1938), um imigrante polonês que chegou a Nova York com a
família em 1904, quando adotou o nome de Max Factor. Em 1908 se estabeleceu em Los
Angeles, com uma barbearia e usou sua experiência europeia em cosméticos primeiro
para atender às necessidades de atores e depois ampliou para o show business. Entre seus clientes
destacavam-se Pola Negri, Gloria Swanson, Mary Pickford, Claudette Colbert,
Jean Harlow, Joan Creawford, Lucille Ball e Marilyn Monroe, frequentadoras do
salão que ficava próximo do Hollywood Boulevard.
Nem é
preciso dizer que fez um grande sucesso. Max Factor com suas pesquisas e
desenvolvimento de produtos revolucionou o conceito de maquiagem. Max Factor
tornou-se uma das maiores marcas no mundo dos cosméticos. Em 1991 a empresa foi
adquirida pela Procter & Gamble que, há alguns anos, deixou de
comercializar a marca nos Estados Unidos.
O Museu de
Hollywoodocupa a casa que ele mandou construir em 1928. O arquiteto S. Charles
Lee assinou o projeto. O edifício art-déco
só ficou pronto em 1935.
Na recepção,
uma senhora com ares de Gloria Swanson (“Deuses vencidos”) vende os ingressos e
explica o roteiro a ser seguido. A visita é um passeio pela história do cinema
e da televisão, através de objetos, roupas, manequins, fotos e filmes. São dez
mil itens. Duas estrelas se destacam: Jean Harlow e Marylin Monroe – ambas são obra
de Max Factor. Uma joia inestimável: o maravilhoso carro de Jean Harlow.
Várias salas
reproduzem os ambientes em que as estrelas eram maquiadas ou simplesmente
descansavam. Os equipamentos usados para torná-las deusas nas telas são também uma
oportunidade para descobrir o quanto a indústria de cosméticos evoluiu.
Roupas
usadas por artistas de ontem e de hoje nas telas ou em cerimônias do Oscar
também se espalham pelos três pavimentos do museu. Numa vitrine reluzem os
sapatinhos vermelhos de Dorothy – personagem de Judy Garland no filme O Mágico
de Oz. No porão, reúnem-se os heróis e vilões dos filmes de suspense e terror,
inclusive “O Silêncio dos Inocentes” (1991), de Jonathan Demme.
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