sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O MUNDO DE TÁXI
Se na Europa o viajante tem o conforto dos trens conectados a linhas de metrô para ir ou sair de aeroportos, nos Estados Unidos, a situação é diferente. Felizmente, os norte-americanos inventaram o shuttle, serviço de transporte bem mais barato do que táxi (geralmente vans), e que deixa o passageiro no hotel. Entretanto, em alguns lugares o serviço é disponível em horários que não são adequados (às 6 horas, às 13h etc.) e o jeito é usar táxi ou similares. Não se esqueça de que a praxe nos Estados Unidos é pagar a corrida e acrescentar de 15 a 20% de gorjeta.
Esse momento pode ser desfrutado como uma parte bem interessante do passeio seja qual for a cidade. Desta vez peguei vários táxis (algo incomum nos roteiros europeus) e me vi sendo conduzida por motoristas de diferentes nacionalidades e todos muito satisfeitos com a nova vida que encontraram nos Estados Unidos, embora o trabalho seja exaustivo. O segredo é a oportunidade, que encontram nesse país feito de imigrantes. Assim, conheci um chinês, um vietnamita, um camaronês, um iraquiano, um indiano e um armênio.
O chinês mostrou-se o mais nervoso de todos e resmungou muito com os percalços do trânsito (muito bom por sinal) em Honolulu. O vietnamita falou com saudade das belezas do Vietnã. Nenhum ressentimento com o passado trágico entre o país de nascimento e o adotivo. O indiano surpreendeu-se quando elogiei o cinema da Índia. O iraquiano, quando soube que ia de San Francisco para Las Vegas de avião, me aconselhou a economizar dinheiro, usando o shuttle que servia os hotéis da região. O camaronês acha Las Vegas uma fantasia no meio do deserto, comentou a derrota da seleção nacional para o Brasil em 2014 e ainda estava estarrecido com a chacina que matara 59 pessoas no início da semana.
Um deles quando soube que eu era do Brasil suspirou nostálgico pela Xuxa. Xuxa? Foi-se o tempo em que falavam de Pelé ou de Reinaldo, mas Xuxa? Céus!
O armênio? Este não era de falar muito. Trânsito livre até o aeroporto, onde encontramos um imenso congestionamento para chegarmos ao terminal da empresa aérea que me traria de volta a São Paulo. Foi só então que perguntou para onde eu ia e pude perguntar a nacionalidade dele.




Nenhum comentário: