O MUNDO DE TÁXI
Se na Europa o viajante tem o conforto dos trens conectados a linhas de
metrô para ir ou sair de aeroportos, nos Estados Unidos, a situação é
diferente. Felizmente, os norte-americanos inventaram o shuttle, serviço de transporte bem mais barato do que táxi
(geralmente vans), e que deixa o passageiro no hotel. Entretanto, em alguns
lugares o serviço é disponível em horários que não são adequados (às 6 horas,
às 13h etc.) e o jeito é usar táxi ou similares. Não se esqueça de que a praxe
nos Estados Unidos é pagar a corrida e acrescentar de 15 a 20% de gorjeta.
Esse momento pode ser desfrutado como uma parte bem interessante do
passeio seja qual for a cidade. Desta vez peguei vários táxis (algo incomum nos
roteiros europeus) e me vi sendo conduzida por motoristas de diferentes
nacionalidades e todos muito satisfeitos com a nova vida que encontraram nos
Estados Unidos, embora o trabalho seja exaustivo. O segredo é a oportunidade,
que encontram nesse país feito de imigrantes. Assim, conheci um chinês, um vietnamita,
um camaronês, um iraquiano, um indiano e um armênio.
O chinês mostrou-se o mais nervoso de todos e resmungou muito com os
percalços do trânsito (muito bom por sinal) em Honolulu. O vietnamita falou com
saudade das belezas do Vietnã. Nenhum ressentimento com o passado trágico entre
o país de nascimento e o adotivo. O indiano surpreendeu-se quando elogiei o
cinema da Índia. O iraquiano, quando soube que ia de San Francisco para Las
Vegas de avião, me aconselhou a economizar dinheiro, usando o shuttle que servia os hotéis da região.
O camaronês acha Las Vegas uma fantasia no meio do deserto, comentou a derrota
da seleção nacional para o Brasil em 2014 e ainda estava estarrecido com a
chacina que matara 59 pessoas no início da semana.
Um deles quando soube que eu era do Brasil suspirou nostálgico pela Xuxa.
Xuxa? Foi-se o tempo em que falavam de Pelé ou de Reinaldo, mas Xuxa? Céus!
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