terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

EVOÉ, BACO!


Fevereiro vai chegando ao fim. Este ano sem carnaval. O Ano Novo perde seu encanto e caímos na rotina. Antes, bem atrasado, o velho Momo chegará com as águas de março, acompanhado de Como e Baco, para mais um carnaval – nome com que o cristianismo tentou vencer as saturnálias Greco-romanas. Ofereceu aos adeptos três dias de festa para um adeus à carne antes da quaresma. Assim, o profano entrou para o sagrado, embora a maioria das pessoas nem se dê conta.
No Brasil, o carnaval é parte importante da cultura nacional. Divide opiniões. Uns amam, outros odeiam. Eu não gosto do Carnaval, mas aprecio muito a riqueza da música que se produziu na primeira metade do século passado a partir do verdadeiro espírito da festa. Música maliciosa, cheia de crítica (política e social) e de sarcasmo. Basta uma rápida olhada pelos títulos das marchinhas, frevos e sambas para saber o que acontecia no país e preocupava o povo.
É verdade também que a mulher era o tema da maioria das composições – a amada, gostosa, traidora, indigesta e a ideal. Os rapazes estavam sempre sofrendo por elas, mas não desistiam embora algumas vezes assumissem o papel de detratores. Quando se trata de composição musical, os homens são a maioria embora a grande composição de Carnaval seja de autoria de uma mulher, a maravilhosa Chiquinha Gonzaga (1847-1935), muito à frente do seu tempo: "Ô ABRE ALAS". Contudo, as músicas contavam com grandes intérpretes e cantoras como Cynara Rios (?), Aracy de Almeida (1914-1988), Carmen Miranda (1909-1955), Odete Amaral (1917-1984) e Dircinha (1922-1999) e Linda Batista (1919-1988). Ah! Claro! Emilinha Borba (1923-2005) e Marlene (1922-2014) entre muitas outras.
O carnaval mudou e o que se fazia antes nesses três dias agora é rotineiro. A malícia, a sutileza e o insinuante das músicas foram trocados pelo explícito e grosseiro, mas os adeptos da hipocrisia do politicamente correto estão atentos para criticar a realidade de um tempo que não viveram.
Enquanto não se ouve soar a Fanfarra do Carnaval Brasileiro (domínio público), podemos nos deleitar com a arte de grandes pintores. 


O Triunfo de Baco, 1628/29, óleo sobre tela do pintor espanhol 
Diego Velázquez (1599-1660). Museu do Prado.

Baco, de Peter Paul Rubens (1577-1640).

 
A Juventude de Baco, 1884, do pintor francês William-Adolphe Bouguereau, (1825-1905). 

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