Abro
as janelas e elas logo aparecem. Algumas medrosas, outras mais ousadas. São estas
que me observam e, quando se acham seguras, entram para inspecionar a cozinha e
a área de serviço. São as rolinhas-caldo-de-feijão. Às vezes preciso ajudá-las
porque não encontram a saída, o que já me causou muita canseira – e algumas
bicadas – para pegá-las e colocá-las para fora.
Passarinho
é o que não falta no meu bairro. Se a rolinha é curiosa, o bem-te-vi é um intrigante
que vive ameaçando a vizinhança com sua cantilena. E já começa o dia avisando a
todos “bem-te-vi”. Felizmente, não ficamos sabendo o que ele anda vendo por aí.
Os periquitos, que moram lá por perto do parque, adoram excursionar pelas
praças numa algazarra ensurdecedora. Outro dia um se desgarrou e veio me
visitar, mas logo foi se juntar ao bando colorido e barulhento.
Pardais?
Nunca os vi por aqui, mas lembro-me da bela “sinfonia de pardais, anunciando o
anoitecer”, na Praça Mauá em Santos... A delicadeza fica por conta dos beija-flores.
Há poucos por aqui já que não há muitas flores, especialmente as vermelhas de
que eles gostam muito. Os visitantes são atraídos por alguns moradores que
colocam néctar em locais estratégicos. Morador barulhento? Não falta,
naturalmente. Nunca o vi, mas ele marca presença procurando comida nas árvores:
o pica-pau.
Há
um boêmio, que no início da primavera e no final do verão faz serenata nas
madrugadas paulistanas. É o sabiá-laranjeira, um passarinho arisco que caminha
com elegância pelos jardins e calçadas. Mimado pelos moradores, tem “bandeja”
de frutas na praça e no parque. Sinto a ausência do passarinho trabalhador, o
joão-de-barro, e dos tico-ticos, frequentadores da Praça João Mendes.
No
início da década de 1990, recebi uma pauta que pedia, entre outras coisas, entrevistas
com especialistas em meio ambiente para saber se havia uma relação direta entre
melhoria das condições ambientais e o aumento de passarinhos na cidade de São
Paulo. Respostas preocupantes. A presença das aves aumenta por causa da
destruição do seu habitat e elas encontram na área urbana comida,
especialmente no lixo mal acondicionado e jogado pelas ruas, jardins, rios etc.
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