Na
rua, resolvo ir de ônibus. Poucos passageiros. O cobrador cochila. Tudo
tranquilo até que uma jovem começa uma conversa no celular: ela explica que
está indo para Ana Rosa onde vai pegar um ônibus para casa. Repete isso umas
dez vezes ao longo da conversa. Acho que deveria ter ficado em casa, penso com
meus botões. Tento me distrair olhando os prédios, o movimento das ruas e... E
vejo uma procissão na calçada da avenida Paulista! O sacerdote todo paramentado
sob a umbela carrega o sacrário, uns poucos fieis o seguem entoando algum hino
e passam entre pedestres. Uma cena inusitada! O mesmo não acontece no ônibus. O
motorista intrigado se pergunta a que se deve a procissão, pois o dia de São
Judas foi 28 passado, a senhora no banco junto à porta, que parece ouvir música
no celular, palpita cheia de certeza que é um grupo de turistas estrangeiros; o
motorista, entretanto, não concorda. “São católicos. Acho que é dia de Ramos.”
A senhora, no banco ao lado do meu, dá risada. “Dia de Ramos?” E eu não deixo
por menos: “grupo de turistas?”. A segunda parte da conversa é a origem da
procissão – minha vez de dar palpite: deve ser da igreja Santa Generosa...
A
observação mais importante essa senhora fez logo em seguida: a indiferença das
pessoas à passagem da procissão. Não estou me referindo à questão da
religiosidade e nem ela. Ninguém se voltou para observar a passagem do grupo
tão incomum numa tarde de sexta-feira. Procissões já fizeram parte do cotidiano
das cidades, que eram menores, tinham menos trânsito e as igrejas mais fiéis. Enfim,
cheguei ao meu destino. (Foto:HA)
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