terça-feira, 24 de outubro de 2023

FÉRIAS: COISAS ESTRANHAS.

A viagem começou num sábado à tarde em Viracopos. Um choque. Lembrei-me dos tempos de isolamento social da pandemia. O aeroporto estava absolutamente vazio. Creio que, se espirrasse, ouviria o eco. Simplesmente vazio. Na área de vistoria de bagagem – somente eu e os funcionários. Passei pelo controle de passaporte: no imenso salão um funcionário solitário aguardava que eu, sozinha, fosse até o guichê. Entrei na área de embarque e ali estava o Duty Free em situação até pior porque não vi passageiros e muito menos funcionários. Lembrei-me de filmes de terror: onde estavam as pessoas? Mais adiante ouvi passos e era um passageiro se aproximando. Comentei com ele que nunca havia imaginado uma situação como aquela. Ele riu e gostou da comparação com filme de terror. No espaço dos portões de embarque, um senhor cochilava ao lado da mala. No final da tarde, começaram a chegar passageiros e o cenário a  se animar. 


Outubro, 2023.


Outubro, 2023.

Minha bagagem sob vigilância. Outubro, 2023.

Escolhi uma cadeira que dava uma visão global do amplo espaço dividido em portões de embarque. Observo o interminável desfile de malas, malinhas e maletas – todas com rodas, e até mochilas. O carrinho de mão não se vê mais, apenas os carros enormes dos terminais de passageiros. A mala combina com o dono? Talvez sim, talvez não. Pessoas elegantes (não precisa ser rico para ser elegante) apreciam uma bagagem discreta. Foi-se o tempo das opções serem preto ou marrom. Atualmente todas as cores do espectro visível – amarelo, azul, ciano, laranja, verde e vermelho – estão disponíveis, sem contar o branco, bege, cor de rosa etc. Há as estampadas também.

Quando fiz minha primeira viagem para a Europa em 1993, minha mala não tinha rodinhas – na verdade era uma mala pequena que eu podia transportar com facilidade; entretanto, na viagem noturna de trem entre Paris e Roma, minha companheira de cabine era uma senhora francesa que me aconselhou várias vezes a adquirir um carrinho de mão dobrável porque “le pods de la valise est nocif pour le dos”. Relutei, mas não esqueci o conselho e acabei comprando o carrinho em Atenas e tenho até hoje guardado no maleiro.

Nessa época a figura do carregador de malas era popular tanto em aeroportos como em ferrovias e rodoviárias. Eis uma profissão que acabou em meados dos anos 1970, quando o sr. Bernard Sadow, dono de uma loja de malas e casacos em Massachusetts (EUA), ao passar pela esteira rolante, teve a ideia de colocar rodinhas em sua bagagem e puxá-la com uma alça. A novidade custou a ser incorporada. A segunda modificação introduzida nas malas aconteceu em 1987, quando o piloto Robert Plath, da Northewest Airlines, adicionou à mala de rodas uma longa haste que permitia que os viajantes puxassem a bagagem na vertical com facilidade. Se os viajantes adoraram a ideia, Plath ainda mais: abandonou a aviação e fundou em 1987 a Travelpro International, uma das maiores fabricantes de malas do mundo. 


Outubro, 2023.


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