A viagem
começou num sábado à tarde em Viracopos. Um choque. Lembrei-me dos tempos de
isolamento social da pandemia. O aeroporto estava absolutamente vazio. Creio
que, se espirrasse, ouviria o eco. Simplesmente vazio. Na área de vistoria de
bagagem – somente eu e os funcionários. Passei pelo controle de passaporte: no
imenso salão um funcionário solitário aguardava que eu, sozinha, fosse até o
guichê. Entrei na área de embarque e ali estava o Duty Free em situação até
pior porque não vi passageiros e muito menos funcionários. Lembrei-me de filmes
de terror: onde estavam as pessoas? Mais adiante ouvi passos e era um
passageiro se aproximando. Comentei com ele que nunca havia imaginado uma
situação como aquela. Ele riu e gostou da comparação com filme de terror. No espaço
dos portões de embarque, um senhor cochilava ao lado da mala. No final da tarde,
começaram a chegar passageiros e o cenário a se animar.
Escolhi
uma cadeira que dava uma visão global do amplo espaço dividido em portões de
embarque. Observo o interminável desfile de malas, malinhas e maletas – todas
com rodas, e até mochilas. O carrinho de mão não se vê mais, apenas os carros
enormes dos terminais de passageiros. A mala combina com o dono? Talvez sim,
talvez não. Pessoas elegantes (não precisa ser rico para ser elegante) apreciam
uma bagagem discreta. Foi-se o tempo das opções serem preto ou marrom.
Atualmente todas as cores do espectro visível – amarelo, azul, ciano, laranja,
verde e vermelho – estão disponíveis, sem contar o branco, bege, cor de rosa etc. Há as
estampadas também.
Quando
fiz minha primeira viagem para a Europa em 1993, minha mala não tinha rodinhas
– na verdade era uma mala pequena que eu podia transportar com facilidade;
entretanto, na viagem noturna de trem entre Paris e Roma, minha companheira de
cabine era uma senhora francesa que me aconselhou várias vezes a adquirir um
carrinho de mão dobrável porque “le pods de la valise est nocif pour le dos”.
Relutei, mas não esqueci o conselho e acabei comprando o carrinho em Atenas e
tenho até hoje guardado no maleiro.
Nessa
época a figura do carregador de malas era popular tanto em aeroportos como em
ferrovias e rodoviárias. Eis uma profissão que acabou em meados dos anos 1970, quando
o sr. Bernard Sadow, dono de uma loja de malas e casacos em Massachusetts (EUA), ao
passar pela esteira rolante, teve a ideia de colocar rodinhas em sua bagagem e
puxá-la com uma alça. A novidade custou a ser incorporada. A segunda
modificação introduzida nas malas aconteceu em 1987, quando o piloto Robert
Plath, da Northewest Airlines, adicionou à mala de rodas uma longa haste que
permitia que os viajantes puxassem a bagagem na vertical com facilidade. Se os
viajantes adoraram a ideia, Plath ainda mais: abandonou a aviação e fundou em
1987 a Travelpro International, uma das maiores fabricantes de malas do
mundo.
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