Está
difícil passear nesta época. Espio pela janela, tempo encoberto, mas agradável.
Desço e ao abrir o portão do prédio, está começando a chuviscar. Volto para
pegar o guarda-chuva. Saio e ao chegar na esquina constato que era apenas uma
nuvem passageira. Sou obrigada a carregar o peso inútil. Para evitar futuras
“pancadas de chuva ocasionais” tenho ido a exposições: tomei cafezinho na casa
de Mário de Andrade, fui ver Oswald de Andrade para saber se havia algo de novo
sobre ele, e quis conhecer o trabalho da fotógrafa japonesa Tokuko Ushioda
(1940) sobre geladeiras de que gostei muito.
Ainda há muito o que ver e fazer entre uma chuvarada e outra. Como
fisioterapia, por exemplo, feita numa varanda simpática, coberta, por onde sopra
um vento que ameniza o calor e ajuda as nuvens a se agruparem de forma ameaçadora
e ainda acompanhadas por trovoada. Não demora e despenca o aguaceiro. Quando
termina a sessão, me acomodo para esperar a chuvarada estiar. Lá fora o
trânsito é pouco – tanto de veículos quanto de pedestres. Os pombos voam de um
telhado para outro aproveitando o aguaceiro. Nem cinco minutos e já se veem nesgas
de azul que vão crescendo.
Aproveito
a chance e lá vou eu ladeira acima. É um caminho agradável. Passo apressada (por
assim dizer) pelo Conjunto dos Bancários, formado por 44 prédios de dois andares,
construídos pelo extinto Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários – IAPB
para trabalhadores do setor bancário nos anos de 1940. O projeto, fui pesquisar
depois, é do arquiteto Marcial Fleury de Oliveira. Os prédios são servidos por
ruas particulares ajardinadas e arborizadas. Em 2019, o Conselho Municipal de
Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São
Paulo – Conpresp aprovou estudo para tombamento do conjunto. Depois do INSS,
passo por uma sorveteria que me atrai faz tempo, mas resisto bravamente. O Parque
Modernista já visitei várias vezes – é a sede da primeira casa modernista de
São Paulo e que fica em frente ao Hospital Japonês Santa Cruz. Enfim, chego à estação
do metrô. Nada de chuva.
Foto: rua particular do conjunto dos Bancários. Novembro de 2024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário