quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

OLHA A CHUVA!

 


Está difícil passear nesta época. Espio pela janela, tempo encoberto, mas agradável. Desço e ao abrir o portão do prédio, está começando a chuviscar. Volto para pegar o guarda-chuva. Saio e ao chegar na esquina constato que era apenas uma nuvem passageira. Sou obrigada a carregar o peso inútil. Para evitar futuras “pancadas de chuva ocasionais” tenho ido a exposições: tomei cafezinho na casa de Mário de Andrade, fui ver Oswald de Andrade para saber se havia algo de novo sobre ele, e quis conhecer o trabalho da fotógrafa japonesa Tokuko Ushioda (1940) sobre geladeiras de que gostei muito.  Ainda há muito o que ver e fazer entre uma chuvarada e outra. Como fisioterapia, por exemplo, feita numa varanda simpática, coberta, por onde sopra um vento que ameniza o calor e ajuda as nuvens a se agruparem de forma ameaçadora e ainda acompanhadas por trovoada. Não demora e despenca o aguaceiro. Quando termina a sessão, me acomodo para esperar a chuvarada estiar. Lá fora o trânsito é pouco – tanto de veículos quanto de pedestres. Os pombos voam de um telhado para outro aproveitando o aguaceiro. Nem cinco minutos e já se veem nesgas de azul que vão crescendo.

Aproveito a chance e lá vou eu ladeira acima. É um caminho agradável. Passo apressada (por assim dizer) pelo Conjunto dos Bancários, formado por 44 prédios de dois andares, construídos pelo extinto Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários – IAPB para trabalhadores do setor bancário nos anos de 1940. O projeto, fui pesquisar depois, é do arquiteto Marcial Fleury de Oliveira. Os prédios são servidos por ruas particulares ajardinadas e arborizadas. Em 2019, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – Conpresp aprovou estudo para tombamento do conjunto. Depois do INSS, passo por uma sorveteria que me atrai faz tempo, mas resisto bravamente. O Parque Modernista já visitei várias vezes – é a sede da primeira casa modernista de São Paulo e que fica em frente ao Hospital Japonês Santa Cruz. Enfim, chego à estação do metrô. Nada de chuva.

Foto: rua particular do conjunto dos Bancários. Novembro de 2024.

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