quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

SANTO AMARO, SP.

 

Matriz de Santo Amaro, inaugurada em 1924.

Destino: Santo Amaro. Não, não fui visitar a difamada estátua do Borba Gato, que vi apenas uma ou duas vezes em todos esses anos que moro em São Paulo. Ela é realmente feiosa, mas já vi uma bem pior em Roma, do papa João Paulo II. Do que pouca gente lembra é que Santo Amaro já foi uma cidade importante, com uma história que remonta aos tempos da fundação da São Paulo – ali viveu Caiubi, irmão do cacique Tibiriçá; o padre Anchieta foi quem teve a ideia de criar uma vila na região. Tudo começou com a construção de uma capela nas terras do português João Paes, que doou também a imagem de Santo Amaro. O Largo Treze de Maio é o local em que a história do vilarejo começou. E aqui vale parêntese: dizem que o santo Amaro não existiu; ele seria fruto de uma lenda portuguesa. Seja como for, a vila foi elevada à freguesia em 1686. (Freguesia é uma igreja com vários povoados no entorno e quando a população cresce ganha o status de paróquia.)

            A freguesia tornou-se importante ponto de abastecimento de São Paulo; em 1827 chegaram os primeiros alemães ao Brasil e lá se instalou um núcleo da colônia alemã. Em abril de 1832 Santo Amaro foi emancipado de São Paulo e em 1886 ganhou uma estrada de ferro inaugurada com a presença do Imperador D. Pedro II. O trajeto da maria-fumaça começava pelas atuais avenida Liberdade, ruas Vergueiro e Domingos de Moraes e avenida Jabaquara – o mesmo percurso da linha Azul do metrô – até Santo Amaro.

Faltava, entretanto, um hospital para o atendimento da população, pois Santo Amaro era bem distante do Centro Histórico, onde ficava a Santa Casa. Um grupo de pioneiros fundou a Sociedade Beneficente N. S. da Conceição, cujo primeiro presidente foi o tenente-coronel Carlos da Silva Araújo. Dona Benta Bernardina de Morais não fez por menos: contribuiu com o terreno. A inauguração da Santa Casa da Misericórdia de Santo Amaro aconteceu em 8 de dezembro de 1899.

    Em 1907 a Light iniciou a construção da represa de Guarapiranga, dando um impulso turístico para a região. A linha ferroviária foi substituída pelo bonde com um novo itinerário. Houve dois motivos para a incorporação de Santo Amaro à cidade de São Paulo novamente: o forte endividamento do município e a inauguração do aeroporto de Congonhas, que ficava no caminho para Santo Amaro. Assim, em 22 de fevereiro de 1935 Santo Amaro foi reintegrado ao município de São Paulo. O bairro desenvolveu-se e já foi um importante polo industrial de São Paulo.

    Atualmente, Santo Amaro tem uma população de 272 332 habitantes (Censo 2022) e tem um alto Índice de Desenvolvimento Humano (0,939). Os principais bairros são Alto da Boa Vista, Chácara Flora, Chácara Monte Alegre, Chácara Santo Antônio, Chácara São Luís, Granja Julieta, Jardim Cordeiro, Jardim Dom Bosco, Jardim Petrópolis, Jardim Promissão, Jardim Santo Amaro, Várzea de Baixo, Vila Cruzeiro, Vila Elvira, Vila União. O acesso a Santo Amaro pode ser por metrô (Linha 5 Lilás), trem (linha 9 Esmeralda), além de ônibus:  só no Terminal de Ônibus encontram-se 62 linhas!

    A matriz fica no Largo Treze de Maio e o entorno, por onde perambulei, me lembrou muito o Brás: um comércio de rua forte. Parece até uma imensa feira livre. Mal sobra calçada para os pedestres que não são poucos. 

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