Adoniran
Barbosa, nome artístico de João Rubinato (1910-1982), foi o tema da Caminhada Noturna
pelo Centro Histórico desta quinta-feira (14). Umas trinta pessoas – jovens,
adultos e idosos; casais ou pessoas sozinhas interessadas em andar pela cidade
e conhecer História e histórias de São Paulo se concentraram às 20h em frente à
Biblioteca Mário de Andrade. Noite fria. Todo mundo bem agasalhado. Começa a
caminhada pela famosa – São João com Ipiranga, onde tem uma escultura simpática
de Adoniran e seu cãozinho Peteleco bem na porta do Bar da Brahma, depois fomos
para a Rua Aurora, onde ele morou de 1949 a 1966, no apartamento do Edifício
Santa Ignez, mas resolvi não continuar, pois minhas sextas-feiras começam às
5h30.
Durante
o passeio acabei conversando com uma senhora que mora no Centro, costuma fazer
as caminhadas. Está curtindo seus 75 anos. Ela me conta que trabalhou num salão
de beleza de propriedade de um francês. Ele exigia que as funcionárias se
trajassem com elegância. Maquilagem caprichada. O uniforme elegante incluía
luvas. “As clientes eram todas da elite paulistana.” Não gosta de ficar em casa e sempre encontra
programas culturais e nos finais de semana vai caminhar no Minhocão. “É muito
bom ver todo aquele movimento de gente para lá e para cá, uns de bicicleta, outros
com seus bichinhos ou correndo ...”. Ela conhece o Centro Histórico muito bem. É
baiana, radicada em São Paulo há longos anos. De repente está falando da beleza
arquitetônica dos prédios antigos e lamenta o fim do glamour que existia na
região.
Pausa
na Praça Júlio de Mesquita, onde o grupo admira a beleza da Fonte Monumental,
que tem várias histórias – foi a primeira obra pública de São Paulo criada por
uma mulher, a artista campineira Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto (1866-1941);
o chafariz estava destinado para a Praça da Sé, mas acabou sendo instalado na
Praça Vitória, antigo nome da Júlio de Mesquita. Ao longo dos anos o monumento
sofreu muitas depredações e Adoniran Barbosa registrou e lamentou o mau
comportamento das pessoas na música ROUBARAM A LAGOSTA: “...é melhor ficar seca
ou molhada/ Do que ser derretida ou roubada”.
Novo
destino: Rua Aurora cuja decadência se acentua. Ah! Lá está o prédio do Cine Áurea,
inaugurado em 1957 e que no final do século exibia apenas filmes “adultos” ou de
sexo explícito. A Rua dos Gusmões, ali perto, também fez parte do repertório de
Adoniran – "Essa mulher sabe que por ela/ Sou
capaz de tudo/ Sou capaz até/ De atravessar a rua dos Gusmões/ LENDO ALI BABÁ E
OS 40 LADRÕES".
O grupo agora vai para o viaduto Santa Ifigênia. Não me chamo
Eugênia, nem nasci ou cresci e muito menos conheci meu primeiro amor por ali,
mas concordo com Adoniran – o Viaduto é muito bonito. Eu me despeço da senhora
baiana, mas ela também vai para os lados da avenida Rio Branco, onde pegarei
meu ônibus e ela prosseguirá.
https://www.youtube.com/watch?v=M-vE6ycLKK8
2 comentários:
Você sempre consegue tornar tudo mais interessante
Boa tarde, Nilton! Muito obrigada. Um abraço.
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