sábado, 16 de agosto de 2025

ADONIRAN BARBOSA

 

Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato (1910-1982), foi o tema da Caminhada Noturna pelo Centro Histórico desta quinta-feira (14). Umas trinta pessoas – jovens, adultos e idosos; casais ou pessoas sozinhas interessadas em andar pela cidade e conhecer História e histórias de São Paulo se concentraram às 20h em frente à Biblioteca Mário de Andrade. Noite fria. Todo mundo bem agasalhado. Começa a caminhada pela famosa – São João com Ipiranga, onde tem uma escultura simpática de Adoniran e seu cãozinho Peteleco bem na porta do Bar da Brahma, depois fomos para a Rua Aurora, onde ele morou de 1949 a 1966, no apartamento do Edifício Santa Ignez, mas resolvi não continuar, pois minhas sextas-feiras começam às 5h30.   

Durante o passeio acabei conversando com uma senhora que mora no Centro, costuma fazer as caminhadas. Está curtindo seus 75 anos. Ela me conta que trabalhou num salão de beleza de propriedade de um francês. Ele exigia que as funcionárias se trajassem com elegância. Maquilagem caprichada. O uniforme elegante incluía luvas. “As clientes eram todas da elite paulistana.”  Não gosta de ficar em casa e sempre encontra programas culturais e nos finais de semana vai caminhar no Minhocão. “É muito bom ver todo aquele movimento de gente para lá e para cá, uns de bicicleta, outros com seus bichinhos ou correndo ...”. Ela conhece o Centro Histórico muito bem. É baiana, radicada em São Paulo há longos anos. De repente está falando da beleza arquitetônica dos prédios antigos e lamenta o fim do glamour que existia na região.

Pausa na Praça Júlio de Mesquita, onde o grupo admira a beleza da Fonte Monumental, que tem várias histórias – foi a primeira obra pública de São Paulo criada por uma mulher, a artista campineira Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto (1866-1941); o chafariz estava destinado para a Praça da Sé, mas acabou sendo instalado na Praça Vitória, antigo nome da Júlio de Mesquita. Ao longo dos anos o monumento sofreu muitas depredações e Adoniran Barbosa registrou e lamentou o mau comportamento das pessoas na música ROUBARAM A LAGOSTA: “...é melhor ficar seca ou molhada/ Do que ser derretida ou roubada”.

Novo destino: Rua Aurora cuja decadência se acentua. Ah! Lá está o prédio do Cine Áurea, inaugurado em 1957 e que no final do século exibia apenas filmes “adultos” ou de sexo explícito. A Rua dos Gusmões, ali perto, também fez parte do repertório de Adoniran – "Essa mulher sabe que por ela/ Sou capaz de tudo/ Sou capaz até/ De atravessar a rua dos Gusmões/ LENDO ALI BABÁ E OS 40 LADRÕES".

O grupo agora vai para o viaduto Santa Ifigênia. Não me chamo Eugênia, nem nasci ou cresci e muito menos conheci meu primeiro amor por ali, mas concordo com Adoniran – o Viaduto é muito bonito. Eu me despeço da senhora baiana, mas ela também vai para os lados da avenida Rio Branco, onde pegarei meu ônibus e ela prosseguirá.

https://www.youtube.com/watch?v=M-vE6ycLKK8 

Foto de 2024. Quinta, à noite, estava cercado por frequentadores da casa.



Busto do compositor: Praça Dom Orione, Bela Vista. 2019.




 



2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Você sempre consegue tornar tudo mais interessante

Hilda Araújo disse...

Boa tarde, Nilton! Muito obrigada. Um abraço.