domingo, 31 de agosto de 2025

DOMINGO NO MINHOCÃO

 

Hoje o passeio foi pelo Elevado Costa e Silva que, de acordo com a população, é simplesmente Minhocão. Fico com o povo: fui passear no Minhocão. O elevado tem 2.500 m de extensão; liga a Zona Oeste a partir da Praça Roosevelt à Zona Leste, terminando na Avenida Francisco Matarazzo. Os cinco acessos intermediários contribuem com mais 900 m. O objetivo da obra: desafogar o trânsito da cidade. O projeto do arquiteto Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirdadi foi recusado pelo prefeito Faria Lima; quando o engenheiro Paulo Maluf assumiu a prefeitura paulistana, construiu o viaduto em onze meses e deu à obra o nome do seu padrinho: General Costa e Silva. O povo, entretanto, não perdoou e a obra-prima de Maluf virou Minhocão. A inauguração aconteceu em 24 de janeiro de 1971, com um tremendo congestionamento.

Não vou contar a história do Minhocão, porque daria uma novela – aliás, a polêmica foi registrada por Jorge Andrade na novela O Grito (1975/1976), mas ele já apareceu também em filmes. Passei poucas vezes por lá e, provavelmente, de ônibus; estou mais familiarizada com os baixos do viaduto – que eu me lembre da Avenida Amaral Gurgel até a praça Marechal Deodoro. Neste domingo, achei que era tempo de corrigir essa falha e assim fui até a Praça da República de metrô, segui pela Avenida Ipiranga até a Rua da Consolação, onde começa o viaduto. Ainda deu tempo de olhar o velho Teatro de Arena Eugenio Kusnet e a Igreja da Consolação em restauro.

É estranho ver o viaduto sem veículos e pessoas caminhando despreocupadas. Parece verão. Público heterogêneo – jovens, adultos e idosos; alguns sentados de olho no celular ou conversando com amigos; outros lendo (sim, lendo) livros. Há um espaço com jogos (dama e xadrez) e brinquedos. Um pai ensina a filha a jogar xadrez; muita gente toma sol como se aqui fosse o Gonzaga e saboreia água de coco. Não há vendedores. Em caso de necessidade, não faltam banheiros químicos.

O que me surpreende? A tranquilidade que paira pelo viaduto. Que bom! Estou interessada nas ruas lá embaixo – Major Sertório, General Jardim, Marques de Itu, Santa Isabel, Jaguaribe... De repente uma algazarra. Localizo a origem: uma enorme feira de domingo lá embaixo na Rua Sebastião Pereira. Uma infinidade de barraquinhas. Último dia de agosto, último domingo do mês e a freguesia parece disposta a gastar. Adiante, o Largo Santa Cecília. Hora de voltar.

Gostei muito da experiência e retornarei no sentido contrário – a partir do Largo Padre Péricles, em Perdizes. O lado negativo é a falta de recipientes na entrada do viaduto na Consolação para os vendedores de coco jogarem o lixo. 






 




Nenhum comentário: