Hoje o
passeio foi pelo Elevado Costa e Silva que, de acordo com a população, é simplesmente Minhocão. Fico com o povo:
fui passear no Minhocão. O elevado tem 2.500 m de extensão; liga
a Zona Oeste a partir da Praça Roosevelt à Zona Leste, terminando na Avenida
Francisco Matarazzo. Os cinco acessos intermediários contribuem com mais 900 m.
O objetivo da obra: desafogar o trânsito da cidade. O projeto do arquiteto Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirdadi foi
recusado pelo prefeito Faria Lima; quando o engenheiro Paulo Maluf assumiu a
prefeitura paulistana, construiu o viaduto em onze meses e deu à obra o nome do
seu padrinho: General Costa e Silva. O povo, entretanto, não perdoou e a obra-prima
de Maluf virou Minhocão. A inauguração aconteceu em 24 de janeiro de
1971, com um tremendo congestionamento.
Não
vou contar a história do Minhocão, porque daria uma novela – aliás, a polêmica
foi registrada por Jorge Andrade na novela O Grito (1975/1976), mas ele já apareceu
também em filmes. Passei poucas vezes por lá e, provavelmente, de ônibus; estou
mais familiarizada com os baixos do viaduto – que eu me lembre da Avenida
Amaral Gurgel até a praça Marechal Deodoro. Neste domingo, achei que era tempo
de corrigir essa falha e assim fui até a Praça da República de metrô, segui
pela Avenida Ipiranga até a Rua da Consolação, onde começa o viaduto. Ainda
deu tempo de olhar o velho Teatro de Arena Eugenio Kusnet e a Igreja da
Consolação em restauro.
É
estranho ver o viaduto sem veículos e pessoas caminhando despreocupadas. Parece
verão. Público heterogêneo – jovens, adultos e idosos; alguns sentados de olho
no celular ou conversando com amigos; outros lendo (sim, lendo) livros. Há um
espaço com jogos (dama e xadrez) e brinquedos. Um pai ensina a filha a jogar
xadrez; muita gente toma sol como se aqui fosse o Gonzaga e saboreia água de
coco. Não há vendedores. Em caso de necessidade, não faltam banheiros químicos.
O
que me surpreende? A tranquilidade que paira pelo viaduto. Que bom! Estou
interessada nas ruas lá embaixo – Major Sertório, General Jardim, Marques de
Itu, Santa Isabel, Jaguaribe... De repente uma algazarra. Localizo a origem: uma
enorme feira de domingo lá embaixo na Rua Sebastião Pereira. Uma infinidade de
barraquinhas. Último dia de agosto, último domingo do mês e a freguesia parece
disposta a gastar. Adiante, o Largo Santa Cecília. Hora de voltar.
Gostei muito da experiência e retornarei no sentido contrário – a partir do Largo Padre Péricles, em Perdizes. O lado negativo é a falta de recipientes na entrada do viaduto na Consolação para os vendedores de coco jogarem o lixo.
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