Estou começando a ficar preocupada. Desde que me
aposentei = tenho me dedicado à dança, andanças e passeios pela cidade. Minha
amiga Sheila, quando me visita e vamos ao Recanto Doce, costuma perguntar se
vou me candidatar a algum posto tal quantidade de “D. Hilda, bom dia!” ou “Olá,
D. Hilda” que ouvimos no trajeto de 300 m. Dou risada. Moro aqui há 42 anos!
Hoje, entretanto, depois de passar por uma
papelaria na Sé, resolvi ir ao supermercado que tem na Rua Conselheiro Furtado
para comprar frutas. Qualquer ônibus me servia. Na fila para subir no primeiro
que apareceu, uma simpática senhora quer me dar passagem. Agradeço, explico que
prefiro ficar no fim. Assim que subo a vejo acomodada no banco junto à janela:
“Não se preocupe, seu banco preferido não foi ocupado” – diz ela e aponta para
trás. Meu banco? “Sim, aquele em que a senhora costuma viajar.” Trocamos
algumas gentilezas e desço logo adiante. O banco preferido é o solitário. E eu
nunca a vi mais gorda.
Frutas compradas, subi a ladeira até a Avenida da
Aclimação, um dos três ônibus que me servem acabara de passar; me estatelei no
banco do ponto dos ônibus. Depois de uma manhã gélida, eu sufocava dentro do
agasalho e gostaria de ficar lá recuperando o fôlego; mas eis que surge o
ônibus que costumo tomar na ida para o SESC, o motorista acena me animando para
subir. Agradeço e ele e o cobrador logo estão num papo entusiasmado e me
incentivam a participar. Despeço-me e desço no “meu ponto”. Nova surpresa. Um
senhora nissei, miudinha e com um delicado chapéu rosa, emparelha comigo, sorri
e comenta:
“A senhora anda muito! Vejo a senhora passando
várias vezes por dia. É muito bom.” Conversamos um pouco até eu chegar ao meu
destino e ela prossegue – mora mais adiante.
E eu achando que sou discreta...
Um comentário:
Já ganhou!! Já ganhou!!!
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