O
veranico é um convite para sair sem destino pela cidade. Depois de explorar o
reduto da Sé, expandi minhas caminhadas para Higienópolis, pois há muito tempo
queria ir ao Parque Buenos Aires. Quando mudei para São Paulo ainda era Praça
Buenos Aires, mas em 1987 tornou-se parque e está inserido no quadrilátero formado
pelas Ruas Piauí, Bahia, Alagoas e Avenida Angélica. Visitei o lugar há muitos
anos, passei por lá muitas vezes, mas não me lembrava do interior.
Metrô
até a estação Higienópolis e saída pela Rua Piauí, que no início ainda tem algumas
pequenas casas e prédios antigos com varandas e venezianas de madeira. Boa
parte da quadra é do Mackenzie. Atravesso a Rua Itambé (pedra afiada em Tupi).
Do lado par da Piauí várias casas graciosas resistem à verticalização. A quadra
após a Rua Sabará já não tem casas, com exceção da Casa Rodrigues Alves, na
esquina com a Rua Itacolomy. O casarão foi construído no início do século
passado, pertenceu à família do presidente Francisco de Paula RODRIGUES ALVES (1841-1919), que
governou o Brasil no período de 1902 a 1906. Em algum momento a propriedade
passou para o Instituto Nacional da Previdência Social; entre 1965 e 2003 foi
sede da Divisão de Ordem
Política e Social (Dops) e da Polícia Federal; em 2012 foi tombada pelo Conselho
Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp).
Lá
se encontra também o Edifício Piauí (428), construção de 1952, que foi o primeiro
projeto do arquiteto Artacho Jurado em Higienópolis. Ele morou com a família no
apartamento de cobertura.
Enfim, o Parque Buenos Aires, que foi
inaugurado em 1913 com o nome de Praça Higienópolis, na gestão do Prefeito
Raimundo Duprat, que contratou o paisagista francês Joseph-Antoine Bouvard. O
objetivo era a preservação da vista do vale do Pacaembu. Abundante área verde
em que se destacam sibipirunas, canelas e um enorme jequitibá-rosa, espelhos d’água
e várias obras de arte – entre elas Mãe (Caetano Fraccaroli), Tango (Roberto
Vivas) e Emigrantes (Lasar Segall) – dão um toque especial ao logradouro. Em 1992
o Parque foi tombado pelo Conpresp.
Eis um parque como deveriam ser todos: frequentado por moradores em busca de tranquilidade. Nada de correrias (pelo menos não vi). Alguns casais namorando; amigas conversando; algumas pessoas lendo, outras cochilando; babás cuidam de crianças bem comportadas que aproveitam a tarde quente de agosto.
Na saída vejo a geladeira velha de porta escancarada. Uma “biblioteca” onde se pode depositar livros para doar e pegar o que interessa sem burocracia. Espio as doações – só livros didáticos... Hora de ir embora. Tarde proveitosa.
2 comentários:
Também não me lembro de ter entrado lá. Só passei pela frente, de ônibus, na av. Angélica.
É bonito, Nilton, bom para quem precisa de altos e baixos nas corridas.
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