Difícil
percorrer São Paulo sem esbarrar em algum legado de Francesco Antonio Matarazzo
(1854-1937), o empresário e industrial ítalo-brasileiro que foi um dos homens
mais ricos do mundo: ao morrer tinha uma fortuna estimada em vinte bilhões de
dólares, que correspondem nos dias atuais a mais de 440 bilhões de dólares. Em
1927 Francesco ou Francisco Matarazzo comprou um terreno de 250 mil m² no
Tatuapé, então zona rural de São Paulo, para construir uma casa de campo. Nos
tempos coloniais, aquela região junto ao rio Tietê, era habitada pelos índios
Piqueri, nome que a população manteve ao longo dos séculos. Piqueri em Tupi
significa “rio de peixes miúdos”.
A Chácara do Tatuapé, como Matarazzo
a denominou, tinha o estilo do conde (nessa altura ele já recebera o título do
rei da Itália): uma bela casa, criação de cavalos argentinos, búfalos
americanos e gado bovino. Como na época o Tietê ainda seguia o curso natural,
uma de suas curvas adentrava a propriedade, o que proporcionava passeios de
barco – dessa época restam apenas os vestígios de um ancoradouro. Em 1934
quando Matarazzo completou oitenta anos o jornalista Assis Chateaubriand
(1892-1968), proprietário dos Diários Associados, visitou a Chácara e publicou
uma reportagem na revista CRUZEIRO bem ao seu estilo, ou seja, parecia uma
homenagem ao octogenário, mas era mais uma de suas investidas cheias de más
intenções. O lado bom é que as fotos registraram a beleza do lugar. Na década
de 1950, a família decidiu desfazer-se da propriedade e em 1971 após várias
negociações a área foi declarada de utilidade pública e em 1976, desapropriada.
Com a justificativa de que o Tatuapé tinha pouca área verde, em 16 de abril de
1978 a prefeitura criou o Parque Municipal do Piqueri.
Dos
tempos de Matarazzo restou apenas a casa do administrador da Chácara, o
italiano Saulo
Carpinelli, onde foi instalada a administração do parque. O imóvel é tombado. O
parque tem muitas atrações. O frequentador dispõe de múltiplas escolhas: pista
do cooper, bicicletário, campo de futebol, quadras poliesportivas, playground
e até cancha de bocha entre outros equipamentos de lazer. Para o público mais contemplativo, a flora é
bastante diversificada e os destaques são o bosque de sibipirunas, bambuzais,
jacarandá-mimoso, paineira, cedro e pau-brasil entre outros. A fauna também é
bem variada. Há oitenta espécies – desde pica-pau, sabiá até gavião-carijó. Já
viu um ouriço-cacheiro? Uma boa oportunidade para conhecer esse mamífero que
vive no parque.
PARQUE MUNICIPAL DO PIQUERI: Rua Tuiuti, 515. Foto: site da Prefeitura de São Paulo.
Metrô: Linha 3 – Vermelha, Estação Tatuapé. No Terminal de Ônibus consultar linha mais adequada.



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