segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

PALÁCIO TIRADENTES
        Há várias opções para continuar a caminhada pelo Centro Histórico do Rio de Janeiro a partir do Paço Imperial, mas é difícil resistir à tentação de visitar o Palácio Tiradentes tão próximo do Paço que de uma de suas janelas até parece possível tocar a majestosa escultura à esquerda da entrada. Entretanto, há muito mais que arquitetura e arte neste espaço. No início da colonização, à mesma época do Paço, ergueu-se ali a Casa de Câmara e Cadeia, que se adaptou aos tempos de D. João VI, ao período do Império e, serviu aos primeiros anos da República. Não é por acaso que em frente ao prédio foi colocada a estátua de Joaquim José da Silva Xavier: o Tiradentes ficou preso ali, aguardando o julgamento, e de lá saiu para ser executado em 1792.
        Com a República no final do século XIX e a reurbanização da cidade no início do século XX, o prédio histórico da Cadeia foi condenado e as autoridades logo encomendaram um novo edifício. Assinam o projeto os arquitetos Archimedes Memória (1893-1960) e Francisco Couchet e o resultado foi um prédio em estilo eclético para acompanhar a moda da época. Uma fachada neogrega com seis colunas de 12 metros de altura, a cúpula dourada e as duas vitórias de bronze que ladeiam as escadarias são um convite a uma visita ao antigo Congresso brasileiro. O palácio foi inaugurado em 1926, quando o presidente da Câmara era Arnolfo Rodrigues de Azevedo (1868-1942). A festa não contou com a presença do presidente Artur Bernardes (1875- 1955).
Durante a visita monitorada, que dura cerca de trinta minutos, é possível ter uma boa ideia de alguns períodos da história nacional. O Congresso funcionou naquele endereço até ser fechado em 1937 com a instalação do Estado Novo e mais tarde ali funcionou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIPE), órgão responsável pela censura no país criado pela ditadura Vargas; retornou às funções originais apenas em 1945. Com a transferida da Capital para Brasília em 1960, abrigou a Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara de breve existência e em 1975 tornou-se a sede da Assembleia do Estado do Rio de Janeiro.
O Palacete foi decorado com obras dos principais artistas brasileiros do período como Eliseu Visconti, João Timóteo da Costa, Carlos Oswald. Assim, a pintura da cúpula do Plenário é de Rodolfo Chambelland e o vitral mostra o céu na noite de 15 de novembro de 1889 e um painel de Eliseu Visconti representa a assinatura da primeira Constituição Republicana (1891). A visita inclui o salão nobre, a biblioteca e a sala das comissões. Uma exposição fotográfica registra os principais fatos da história política brasileira e também do Parlamento fluminense.



Rua Primeiro de Março, s/n - Praça XV - Rio de Janeiro. Visitas de segunda a sábado das 10 às 17 horas; domingos e feriados das 12 às 17 horas. Gratuita. 
Foto: H.P.Araújo, 15/11/2015.

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