MAU
HUMOR
Meus
amigos santistas estão aborrecidos com a história de Santos mostrada na Sapucaí
neste carnaval. Não sei como funciona o critério das homenagens prestadas pelas
escolas de samba a personalidades ou como elas escolhem o tema do ano. Neste
caso, Santos foi escolhida para
ser homenageada pelo carnavalesco Fábio Ricardo porque o pai dele foi
trabalhador do porto de Santos, conforme reportagem de “A Tribuna”. Não
assisto aos desfiles e creio que a população da cidade tenha desenvolvido expectativa
muito grande com o evento, daí a decepção proporcional com o resultado. Entretanto,
é preciso lembrar que se trata de Carnaval – uma festa popular onde o princípio
é a inversão da ordem das coisas, portanto, compromissos com a História não
devem pesar. A escola não é de ensino formal, apesar do “acadêmicos” do título
da agremiação carioca. Alguém acredita que todos os outros temas abordados no
sambódromo sejam fidedignos à História? O eterno Sérgio Porto que o diga!
Creio
que não é possível contar a história inteira da cidade no espaço de tempo dado às
agremiações. Pelo relato do repórter José Cláudio Pimentel está tudo lá: Brás
Cubas e a fundação do porto e da Santa Casa, os piratas, a fonte do Itororó, a
padroeira da cidade, o desenvolvimento do porto, José Bonifácio, a luta
abolicionista, a estrada de ferro, o bonde, o café e o comércio; o esporte na
cidade, o Santos Futebol Clube, Pelé, Neymar e até a primeira miss Brasil. Há,
ainda segundo o jornalista Pimentel, referências ao Aquário e Orquidário. Faltou
o quê? Nem o cheiro do café pelo que leio – uma ideia interessante.
O
essencial estava lá. Se bem ou mal desenvolvido o enredo, isso é outra coisa. Faltaram,
como bem lembrou alguém, artistas como Leny Eversong, Lolita Rodrigues, Plínio
Marques, Betty Mendes, Ney Latorraca, Nuno Leal Maia e Gilberto Mendes entre outros.
Mas levaram a brasília amarela dos “Mamonas assassinas” por causa de uma
musiquinha de péssimo gosto. Horror dos horrores!
Vale
dizer que Brás Cubas nunca foi cavaleiro da Casa Real Portuguesa. A marquesa
não nasceu em Santos nem passeou por lá. A menção a R. Carlos é válida pela
música “As curvas da estrada de Santos”, mas as mencionadas “corridas” devem
ter sido as primeiras viagens entre Santos e São Paulo de automóvel, pois de outras
não se tem notícia; lembraram do remo (introduzido na cidade pelos ingleses),
mas esqueceram do tamboréu inventado nas praias santistas.
No
final, Acadêmicos do Grande Rio classificou-se em sétimo lugar. No quesito samba-enredo,
ficou em quarto lugar com a composição “Fui no Itororó beber água, não achei. Mas achei a bela Santos
e por ela me apaixonei".
Como já disse um velho folião “quem sai
na chuva é para se queimar”.
Andre Derain (1880-1954): "Arlequim e Pierrô".
Nenhum comentário:
Postar um comentário