VINHO, CAUIM E CACHAÇA
Quando
os portugueses desembarcaram na Bahia, traziam entre as provisões vinho, que
Cabral serviu aos dois silvícolas que foram levados a bordo. Beberam, mas não
gostaram. Cuspiram. Mas fizeram o mesmo com a água depois de bochechar. Assim,
com base no registro de nascimento do Brasil, pode-se afirmar com certeza que
por aqui se bebe vinho desde abril de 1500. E por mais de 300 anos foi a
principal bebida da colônia.
Em
matéria de bebida alcoólica os ameríndios dispunham do cauim, preparado com
mandioca ou milho para festas e rituais. A preparação cabia às mulheres e, se
os europeus pisavam as uvas, o processo de produção do cauim é mais exótico. A
mandioca cortada em tiras finas é cozida e posta para esfriar; em seguida as
mulheres e meninas se reuniam em torno da panela, levavam à boca uma porção da
mandioca e mastigavam bem de forma a revestir a massa com a saliva, cuspindo a
porção em outro pote. Essa pasta volta ao fogo e é mexida com uma colher de pau
até cozinhar. Quando fica pronta é guardada em potes para fermentar. O segredo
encontra-se nas enzimas da saliva, responsáveis pela conversão da massa em açúcares
fermentáveis. O processo é o mesmo com o milho.
Em
1532, a plantações de cana-de-açúcar já vicejavam por aqui: os engenhos de
açúcar já estavam em plena operação em Pernambuco e em São Vicente. Abria-se a
oportunidade para uma inovação. A cachaça portuguesa (Minho) e espanhola era
produzida com a borra do vinho. Com a grande disponibilidade de mel de cana, os
portugueses iniciaram a produção da cachaça. No século XVIII, o mel do engenho,
considerado melhor que o cubano, era exportado para os Estados Unidos como
matéria-prima para o rum.
Os
escravos coavam em pano de linho os expurgos do caldo de cana para fabricar um
vinho, a que misturavam água. Era a garapa, procurada “avidissimamente pelos
habitantes, que se embriagavam com ele quando velho”, como nos conta o
historiador e antropólogo Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) garante que garapa
é palavra de origem africana, enquanto Houaiss diz que a origem é,
provavelmente, espanhola. Em 1610, fazia-se “vinho com o sumo da cana, que é
barato, mas só para os escravos e filhos da terra” – diz Cascudo. E assim, a
produção da cachaça cresceu e tornou-se popular na terra.
Mas
havia as bebidas refrigerantes, feitas também com sumos de frutas, xaropes. No
século XIX, consumia-se o ponche (chá, açúcar, canela, limão e aguardente). Na
França, era servido bem quente: no Brasil, o chá foi substituído por água
gelada.
Saúde!
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