TERREMOTOS E IMPOSTOS
A conferência foi sobre a História da Terra – como surgiu, se desenvolveu;
como se comporta em relação aos demais planetas, sua relação conturbada com o
Sol, de que forma
suas entranhas se manifestam e perturbam a vida de uns animaizinhos que, por sua vez, tentam dominá-la há pelo menos 200 mil anos. O mestre faz algumas digressões interessantes quando
entra no capítulo dos terremotos.
Ele
nos ensina que o pior abalo sísmico registrado na História ocorreu em Lisboa em
1755 e, graças aos relatos existentes, os especialistas avaliam que ele teria
atingido nove pontos na escala Richter que, evidentemente, não existia na época,
pois só seria desenvolvida em 1935. O terremoto destruiu a capital portuguesa e
foi sentido na Espanha e norte da África. E eu diria que também provocou abalos
no Brasil. Não sísmicos, mas econômicos, pois o marquês de Pombal (Sebastião
José de Carvalho e Melo) apressou-se a criar o Novo Imposto ou Subsídio
Voluntário para ajudar a reconstruir Lisboa. Assim, ao caminhar pela bela Praça
do Comércio esteja certo de que a população brasileira contribuiu
para sua reconstrução.
Mas
naturalmente estes não eram os únicos impostos que a Coroa portuguesa cobrava
dos colonos d’além mar. Na escola aprendemos muito sobre quinto, dízimo e
entradas, mas havias outros pouco conhecidos. Em 1662, por exemplo, foi instituído
um imposto para pagar à Holanda a indenização pela perda do Nordeste brasileiro
e outro para formar o dote da princesa portuguesa Catarina de Bragança, que se
casou com rei Carlos II da Inglaterra. Nesta festança, coube ao Brasil arrecadar
ao longo de 16 anos 1.920.000 cruzados referentes à negociação com a Holanda e
300 mil cruzados para o dote real. Parece que em 1800 ainda não haviam se
lembrado de suspender a cobrança da contribuição “voluntária”.
O
nosso velho conhecido marquês de Pombal instituiu em 1772 o Subsidio Literário para
custear a rede de ensino público que ele implantou para substituir as escolas
dos jesuítas que ele havia expulsado de Portugal em 1759. E havia ainda a tal
de Bula da Santa Cruzada que data de 1215, quando os cavaleiros europeus
lutavam contra os infiéis e consistia na concessão de indulgências em troca de
esmolas. A arrecadação cresceu com a expansão ultramarina de Portugal (séculos
XV e XVI) e os recursos seriam destinados à luta contra povos não cristãos. Seriam
porque logo a Coroa passou a pagar a parte do Papa e a embolsar o restante.
Vigorou no Brasil até o século XIX.
Praça do Comércio, Lisboa, 2010. Em obras para visita do Papa.
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