Quinta-feira
gelada em São Paulo. Um dia perfeito para caminhadas despreocupadas. Paulistanos
e turistas movimentavam as ruas do bairro da Liberdade. Na saída do metrô, a
Praça da Liberdade é um ótimo lugar para aproveitar o sol anêmico; depois de
observar as ofertas das barracas da feira, uma esticada até a loja da Rua dos
Estudantes, que oferece maravilhosos produtos de porcelana japonesa entre
outras coisas. Uma festa para os olhos. Depois pode-se bisbilhotar na loja da
esquina com a Rua Galvão Bueno, onde há de tudo que você não precisa, mas
coisas bem interessantes. Uma senhora me pergunta se eu sei que igreja é aquela
na ponta da Praça. O nome é lúgubre, mas é uma lembrança dos tempos coloniais:
Santa Cruz das Almas dos Enforcados. (A curiosa não gosta do nome.)
Para
quem não sabe era ali nas redondezas que se executavam por enforcamento os
criminosos. Em 23 de julho de 1821 as autoridades da cidade receberam uma ordem
régia para levantar uma forca no lugar mais público desta cidade e vizinho do
Cemitério da Glória, complementando a instalação da Junta de Justiça no ano anterior.
A Igreja mantém a capela dos Aflitos (1774), que ficava no meio do cemitério, vendido
pela Mitra e loteado para residências. A capela, como não poderia deixar de
ser, fica na Travessa dos Aflitos.
Enquanto
caminho pela Rua Galvão Bueno, lembro-me de que há algum tempo este é mais um
bairro oriental do que propriamente japonês, pois os coreanos e chineses se
misturam aos japoneses que ainda permanecem nesta parte da cidade. É mais uma
região turística, com uma grande oferta de restaurantes e produtos típicos do
Oriente. Há lojas especializadas em cosméticos (já vi uma fila enorme de jovens
para entrar em uma delas).
Agora,
é a vez da Avenida Liberdade. Há várias casas antigas bem conservadas, embora
tenham uso comercial. Ali fica a Casa de Portugal, fundada em 1935 por
portugueses e brasileiros. O projeto do prédio é do Arquiteto Ricardo Severo,
sócio de Ramos de Azevedo. A inauguração ocorreu no quarto centenário de São
Paulo – 1954. Mais adiante outra igreja. A Catedral Metodista de São Paulo, de
linhas sóbrias. Enfim, o Largo da Pólvora – outro lugar histórico da cidade.
Ali funcionava um paiol de pólvora (claro) até 1832, quando as autoridades da
cidade mandaram demolir, mas a população continuou a chamar o lugar de largo da
pólvora. O nome, entretanto, só foi oficializado em 1978 pelo prefeito Olavo Setúbal.
Atualmente, o jardim japonês, criado por ocasião dos setenta anos da imigração
japonesa, encontra-se abandonado. Próxima parada: estação São Joaquim do metrô.
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