NOSTALGIA
Na Biblioteca Mário de
Andrade, achei um livro sobre o hiperespaço escrito pelo físico norte-americano
Michio Kaku, um dos pioneiros da teoria das supercordas. Embora haja passagens
obscuras para mim – que não tenho a mais remota lembrança das aulas de física,
o livro é maravilhoso. Só para deixar vocês com água na boca, vejam o que ele
conclui:
“(...) uma das mais profundas experiências que
um cientista pode ter (...) é se dar conta de que somos filhos das estrelas, e
de que nossas mentes são capazes de compreender as leis universais a que elas
obedecem. Os átomos dentro de nossos corpos foram forjados na bigorna do
nucleossíntese dentro de uma estrela em explosão eras antes do nascimento do
sistema solar. (...) Somos literalmente feitos de poeira de estrelas. Agora
esses átomos, por sua vez, fundiram-se em seres inteligentes, capazes de compreender
as leis universais que governam esse evento.” Michio Kaku, “Hiperespaço” (Rocco,
2000)
Assim,
é pura nostalgia o que sentimos quando nos encantamos ao olhar o céu noturno
com milhões de luzes piscando para nós.
OUVIR ESTRELAS
Ora (direis)
ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!"E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
Perdeste o senso!"E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as
janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
Olavo Bilac (1865-1918)
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