A BARATA ANGUSTIADA
Que
tal um livro em que a personagem principal é uma barata (argh!) chamada Martin
que vivia angustiada diante da possibilidade de morrer. “Perguntava-se o que
fazia no mundo e, sobretudo, por que havia sido jogado nele se iria morrer um
dia [...]”. Depois de muitas peripécias no interior do cadáver do filósofo
alemão Heidegger (1889-1976), um verme lhe explica que “No momento de sua
morte, você estará absolutamente sozinho. Nem mesmo aquele que estender a mão
para consolá-lo compartilhará essa experiência personalíssima. No derradeiro
instante, sua solidão será inaudita! Sente isso? Acachapante, concorda? Quando
penso sinceramente na minha morte, não na dos outros, mas na minha, sinto no
mais fundo de mim que sou um ser único. Ninguém morrerá no MEU lugar.”
Há
um final feliz. Martin, a barata, enfim, descobre a finalidade da existência: “Obras
imensas por empreender e impossíveis de concluir antes de morrer”. E a barata
conclui que “A alegria de viver me estremece feito um trovão”.
Um livro ótimo sob todos os aspectos,
com uma abordagem inteligente e divertida de um tema filosófico difícil para os
mais jovens: a questão da existência e do vir a ser. As ilustrações são de
Matthias Arégui.
A barata de Martin Heidegger,
contado por Yan Marchand. São Paulo: Martins Fontes, 2014. (Coleção Pequeno
Filósofo.)
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