segunda-feira, 31 de outubro de 2016

COISAS DO BRASIL



ARDOR REPUBLICANO - Antônio Silva Jardim nasceu em 1860 na Vila de Nossa Senhora da Lapa de Capivari, no Rio de Janeiro. Era filho de um professor e muito jovem envolveu-se na luta abolicionista e republicana. Veio para São Paulo estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde se identificou imediatamente com o clima político-estudantil. Depois de formado continuou a lutar por seus ideais, mais tarde vendeu a banca de advogado e dissolveu a sociedade com Martim Francisco de Andrade e Silva (neto) para viajar por Minas, Rio e São Paulo, dirigindo comícios pró-república.
Em 1899, com a Proclamação da República, candidatou-se a uma cadeira no Congresso, no Distrito Federal, mas não foi eleito. Silva Jardim estava com trinta anos e por causa da saúde frágil resolveu fazer uma viagem pela Europa para descansar. Na Itália, foi a Pompeia e quis conhecer o Vesúvio, vulcão situado na baía de Nápoles causador da trágica destruição da cidade no ano 79 da era cristã. No dia 1º de julho de 1891, ele foi até o vulcão com o amigo Joaquim Carneiro de Mendonça e, apesar dos avisos do guia, acabou caindo numa fenda do Vesúvio, desaparecendo.
Antônio Silva Jardim.
A morte do brasileiro foi noticiada na edição de 30 de julho de 1891 do jornal “A Pátria Mineira”, da cidade de São João del Rei. Carneiro de Mendonça também se feriu sem gravidade graças à ação do guia. “Extraordinário o destino do grande brasileiro: até para morrer se converteu em lava” – declarou José do Patrocínio (1853-1905), um dos mais importantes abolicionistas e republicanos brasileiros. Mais tarde deram o nome de Silva Jardim à vila em que ele nasceu. (Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional.)



JÁ ERA Outro dia esperei  vários minutos para ser atendida, quando resolvi ir embora apareceu um funcionário prestimoso. “A senhora deseja algo?” Murmurei um “agora, já era” e saí. A expressão (descobri depois) teve origem entre os técnicos da saúde pública no início do século passado. O pessoal das ambulâncias era obrigado a relatar todos os fatos que envolviam os atendimentos solicitados e quando havia óbitos eles escreviam: “O doente já era cadáver”. A população encurtou a frase e passou a aplicá-la para se referir a oportunidades perdidas. A explicação é de Pedro Nava, segundo a Revista de História da Biblioteca Nacional.

BOLO DO ENFORCADO – Que se manifeste quem não gosta do bolo do enforcado. Não conhece? Trata-se do famoso pão de ló. A iguaria tem origem em Portugal e é um doce caro porque leva muitas gemas e rende pouco; portanto, era reservado para ocasiões especiais como, por exemplo, a última refeição dos condenados à morte que, já no cadafalso, podiam saborear o bolo acompanhado de vinho. E assim o bolo foi apelidado pela população de “bolo do enforcado”. De acordo com o folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) era também um presente de pêsames – oferecido em bandeja coberto com um lenço de seda preta.


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