COMO ESCOLHER
AMANTES
O
livro caiu na minha mão por acaso. Nos dias de hoje o título da obra é banal,
mas o autor me surpreendeu: o velho e bom Benjamin Franklin (1706-1790), calvinista
e um dos signatários da Constituição norte-americana. Na verdade, Benjamin
Franklin foi uma figura polêmica no seu tempo e muito depois de ter ido desta
para melhor (ou pior). Tinha uma inteligência acima do comum. Sem ter concluído
os estudos básicos foi impressor, jornalista, escritor, político, diplomata, abolicionista,
cientista e enxadrista. E, naturalmente, inventor! Ele inventou entre outras coisas
o para-raios e as lentes bifocais.
Franklin
foi extremamente popular – houve algumas ocasiões em que perdeu um pouco do
prestígio, mas logo o recuperou. As críticas de detratores e de apologistas
mantêm o mito. O economista e sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) classifica
de “filosofia da avareza” as ideias que o americano defendeu e expressava em ditos
populares como “tempo é dinheiro” e “... dinheiro pode gerar dinheiro e sua
prole pode gerar mais”. O professor R. Jackson Wilson (Smith College), que
prefacia a obra, relaciona também Mark Twain entre os detratores do velho
Franklin, acusando-o de ter “prostituído seus talentos para inventar máximas e
aforismos para infligir sofrimento... sobre meninos que, de outra forma,
poderiam ter sido felizes”.
Enfim,
como não poderia deixar de ser, a obra de Benjamin Franklin retrata uma época. A
surpresa é que Franklin aconselha o amigo a “preferir mulheres velhas às jovens”.
E isso no tempo em que a única solução para a mulher tentar manter a juventude
era a varinha de condão da fada madrinha. Ele relaciona oito razões para sua
teoria. Eis um resumo das principais: elas têm mais experiência e informação,
portanto, a conversação é mais edificante, duradoura e agradável; porque quando
deixam de ser formosas, procuram ser boas e é difícil existir uma mulher velha
que não seja também uma boa mulher (hum!); porque são mais prudentes e
discretas ao promover um caso amoroso de modo a evitar suspeitas (hoje elas
fazem questão de se expor) e, finalmente, porque no escuro todos os gatos são pardos
(Ih!).
Benjamin Franklin. |
2 comentários:
Texto ótimo; comentários melhores ainda!
Obrigada, beijos.
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