sexta-feira, 8 de setembro de 2017

BAILES BRASILEIROS (I)

Era uma vez um príncipe de 17 anos, bonitinho apesar de ser bochechudo (traço que herdara do pai). Ele era do tipo esportivo. Adorava a vida ao ar livre, mas gostava muito de música e até fazia algumas composições (é verdade que só uma faria sucesso). O príncipe, que tinha o fantástico nome de Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon (ufa!), era imbatível apenas nas conquistas amorosas. Não ficaria famoso pelo bom gênio. Era temperamental e irascível como a mãe – que, aliás, preferia o filho mais novo, que não primava pelo bom caráter como ela.
D. Pedro e D. Leopoldina, tela de
Simplício Rodrigues de Sá.
Preocupado com o futuro do herdeiro e na esperança de aquietá-lo, o pai decidiu que era tempo de casar o rapaz e garantir a sucessão do reino. Assim, mandou um embaixador percorrer as cortes mais importantes da época em busca de uma princesa para o seu rapaz.  Uma tarefa difícil porque todas as boas casas europeias queriam o melhor (do ponto de vista político, naturalmente) para suas filhas e o obscuro príncipe em questão vivia em terras longínquas e estranhas. Após longas negociações a escolhida foi a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda Beatriz de Habsburgo-Lorena, 19 anos, com esmerada educação. Ela era  filha do segundo casamento do imperador Francisco I, da Áustria.
Paulo Setúbal conta no livro As Maluquices do Imperador (SP. Saraiva Livreiros Editores. 1926) que D. João determinou que o Marquês de Marialva, Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho (1775-1823), embaixador português em Paris, fosse a Viena tratar das núpcias com as pompas adequadas à casa imperial austríaca.
O marquês de Marialva não se limitou a “gastar as grossas ordens que vieram de D. João”. Ele dissipou em um baile em honra da princesa toda a herança que herdara do pai! O casamento do príncipe brasileiro, herdeiro do trono de Portugal, do Brasil e Algarves, foi marcado por um baile excêntrico e milionário.
Nesse baile, o embaixador recebeu a toda a corte de Viena. “Às nove horas, ao som do hino, entraram os Imperadores. Vieram com Suas Majestades todos os arquiduques e todas as arquiduquesas. Vieram também o Príncipe Real da Baviera e o Duque de Saxe. Metternich, com o fardão recamado de crachás, compareceu em grande gala. (...) Rompeu o baile a Senhora D. Leopoldina. Sua Alteza dançou uma polonaise com o Senhor Marquês de Marialva. Os monarcas não dançaram. Mas Suas Majestades felicitaram rasgadamente o Embaixador pelo deslumbramento da festa. Aquilo era um conto de fadas!”         


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