BAILES BRASILEIROS
(I)
Era uma vez um
príncipe de 17 anos, bonitinho apesar de ser bochechudo (traço que herdara do
pai). Ele era do tipo esportivo. Adorava a vida ao ar livre, mas gostava muito
de música e até fazia algumas composições (é verdade que só uma faria sucesso).
O príncipe, que tinha o fantástico nome de Pedro de Alcântara Francisco Antônio
João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano
Serafim de Bragança e Bourbon (ufa!), era imbatível apenas nas conquistas
amorosas. Não ficaria famoso pelo bom gênio. Era temperamental e irascível como
a mãe – que, aliás, preferia o filho mais novo, que não primava pelo bom
caráter como ela.
D. Pedro e D. Leopoldina, tela de Simplício Rodrigues de Sá. |
Preocupado com o futuro do herdeiro e na esperança de aquietá-lo, o pai
decidiu que era tempo de casar o rapaz e garantir a sucessão do reino. Assim,
mandou um embaixador percorrer as cortes mais importantes da época em busca de
uma princesa para o seu rapaz. Uma
tarefa difícil porque todas as boas casas europeias queriam o melhor (do ponto
de vista político, naturalmente) para suas filhas e o obscuro príncipe em
questão vivia em terras longínquas e estranhas. Após longas negociações a
escolhida foi a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda
Beatriz de Habsburgo-Lorena, 19 anos, com esmerada educação. Ela era filha do segundo casamento do imperador
Francisco I, da Áustria.
Paulo Setúbal
conta no livro As Maluquices do Imperador
(SP. Saraiva Livreiros Editores. 1926) que D. João determinou que o Marquês
de Marialva, Pedro José Joaquim Vito de Meneses Coutinho
(1775-1823), embaixador português em Paris, fosse a Viena tratar das núpcias com as
pompas adequadas à casa imperial austríaca.
O marquês de
Marialva não se limitou a
“gastar as grossas ordens que vieram de D. João”. Ele dissipou em um baile em
honra da princesa toda a herança que herdara do pai! O casamento do príncipe
brasileiro, herdeiro do trono de Portugal, do Brasil e Algarves, foi marcado
por um baile excêntrico e milionário.
Nesse baile, o
embaixador recebeu a toda a corte de Viena. “Às nove horas, ao som do hino,
entraram os Imperadores. Vieram com Suas Majestades todos os arquiduques e
todas as arquiduquesas. Vieram também o Príncipe Real da Baviera e o Duque de
Saxe. Metternich, com o fardão recamado de crachás, compareceu em grande gala.
(...) Rompeu o baile a Senhora D. Leopoldina. Sua Alteza dançou uma polonaise
com o Senhor Marquês de Marialva. Os monarcas não dançaram. Mas Suas Majestades
felicitaram rasgadamente o Embaixador pelo deslumbramento da festa. Aquilo era
um conto de fadas!”
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