domingo, 17 de setembro de 2017



Santos, 16 de setembro de 2017. Foi um dia muito especial. Reunião dos ex-funcionários do jornal CIDADE DE SANTOS (1967-1987) no Petit Verdot, a adega gourmet de José Rodrigues, grande jornalista que comandou durante anos a sucursal do Estadão em Santos. Muito bom reencontrar dois pioneiros – Flávio Ribas GAZETINHA e Itamar Miranda para contar histórias do início do jornal há 50 anos. E haja história. 



           Já vou dizendo que não sou saudosista, mas as lembranças são importantes para se ter parâmetros para o presente e para o futuro, para definirmos o que mudar ou o que manter em nossa vida. Hoje faz 30 anos que o jornal CIDADE DE SANTOS fechou e quis escrever alguma coisa no blog sobre o diário. A memória, entretanto, costuma pregar peças e mistura muitas vezes fatos e cria outros que nos surpreendem de forma assustadora ao percebermos que não foi bem assim que as coisas se sucederam. Então, se alguém discordar do que escrevi, não foi por querer, mas talvez um truque da memória. Devo confessar que nos últimos anos enjoei do jornalismo, como marinheiro de Mishima que enjoou do mar, mas de forma alguma me arrependo da escolha que fiz e a experiência no jornal CIDADE DE SANTOS foi fundamental na minha vida pessoal e profissional. Muitos colegas daquelas duas décadas já se despediram e entre eles minha homenagem especial a João Sampaio, Argemiro de Paula, Eduardo Leite, Roberto Peres e Reinaldo Sassi – grandes amigos, profissionais e mentores.Enfim, tudo tem o seu tempo e o do nosso querido diário passou. (Publicado no Facebook, 15 de setembro de 2017.)

HOMENAGEM 

Rubens Fortes ERRE é uma personalidade única na história do jornal. Assinava A TOCA, uma coluna com críticas bem humoradas dos fatos políticos e esportivos do momento. Ia à redação no final da tarde e seu bom humor, sua inteligência ágil sempre surpreendiam até os mais escolados com as peripécias que o tornaram famoso no CIDADE DE SANTOS. Continua afiado como sempre. Uma das vítimas foi Fernando Allende – repórter, cronista social e de automobilismo.  Mantinha em sua mesa um arquivo pessoal guardado a sete chaves. Numa folga, Allende fez uma limpeza geral e quando foi embora a lixeira estava repleta de material velho, inclusive um livro de patologias médicas ilustrado. ERRE recolheu parte dos rejeitos. “Depois, quando ele deixava a gaveta aberta, pastas, relises, livretos voltavam para a gaveta, discretamente” – conta o brincalhão, que observava as reações da vítima. “Dava para perceber quando achava a velharia, olhava, olhava... Sabe quando a pessoa tem a sensação estranha, pô, já não tinha jogado isso fora? Aí rasgava bem rasgado o material que teimava em sair do lixo e descartava. Algumas vezes, guardava de novo, carinhosamente!”. Allende percebeu a brincadeira, quando o office-boy lhe entregou o tal livro de patologias médicas. O que o garoto não esperava foi o palavrão... HELOISA COIMBRA, repórter novata, foi quem conseguiu enfrentar ERRE com muito garbo. Numa festa de fim de ano em que sorteou como amigo secreto o ilustre colunista, deu-lhe um presente inspirado. Teve o trabalho de recortar várias edições da TOCA e colar numa longa tira, formando um rolo de papel higiênico. ERRE jura que guarda até hoje para casos de emergência. 

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