domingo, 25 de novembro de 2018

ALÉM DO VALE

O crescimento de São Paulo começou, quando um francês, dono de uma loja de litografias, colocou na vitrine o desenho de um viaduto ligando a colina histórica ao Morro do Chá sobre o vale do ribeirão Anhangabaú. O morro ganhou esse nome por obra do marechal José Arouche de Toledo Rendon (1756-1834). Ele começou a plantação de chá em sua chácara, que abrangia a área compreendida entre atual Rua Santa Isabel até o Largo do Arouche. Os vizinhos gostaram da ideia e também passaram a cultivar a planta. Um deles foi Joaquim José dos Santos Silva, o Barão de Itapetininga, dono da área que compreendia todo vale do Anhangabaú.
       O francês era Jules Martin (1832-1906). Mais tarde ele substituiu o viaduto por um aterro da área e encaminhou à Câmara o projeto, que foi devidamente arquivado; mas por insistir na ideia, Martin acabou conseguindo a exclusividade para o empreendimento. Demorou e só em 1885 assinou contrato com o governo provincial para construir o viaduto, ou seja, retomando sua ideia inicial.
       No dia 6 de novembro de 1890, o Viaduto do Anhangabaú foi inaugurado com toda pompa e circunstância. E se você pergunta, como Mário de Andrade, “Onde o teu rio frio encanecido/ Pelos nevoeiros,/Contando historias aos sacis?”*, fique sabendo que foi canalizado.
      Com o viaduto, o antigo Morro do Chá ganhou ares de modernidade. Um passeio pela nova área começa do lado histórico pela Praça do Patriarca, onde se destaca a graciosa Igreja de Santo Antônio, século XVI, a mais antiga da cidade.





Edifício Matarazzo ou Palácio Matarazzo é a sede da Prefeitura de São Paulo. Projeto do arquiteto italiano Marcello Piacentini para o empresário Francisco Matarazzo Júnior, década de 1930. Visitas monitoradas, gratuitas de segunda a sábado, 10h30, 14h30 e 16h30. Chegar com uma hora de antecedência, munido de RG ou habilitação.
Viaduto Anhangabaú, 15.



Edifício Alexandre Mackenzie (Prédio da Light), concluído em 1929. Projeto executado pelo escritório Severo, Villares e Cia. por encomenda da empresa inglesa de energia e transportes São Paulo Tramway, Light and Power. Atualmente, Shopping Light.
Rua Coronel Xavier de Toledo,23.

Edifício João Brícola ou Prédio do Mappin – foi construído para ser a sede do Banespa, mas por ficar longe do centro financeiro da época, realizou-se uma troca de propriedades entre o banco e a Santa Casa de Misericórdia. O Banespa ficou com a área da Rua João Brícola e a Santa Casa com o da Praça Ramos, 131.  

Theatro Municipal de São Paulo – inaugurado em 1911, projeto de Ramos de Azevedo é um dos mais belos edifícios da cidade. Visitas guiadas gratuitas.
Praça Ramos de Azevedo.

Biblioteca Mário de Andrade – é a maior biblioteca pública da cidade e a segunda biblioteca pública do país. (A maior é Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.) Foi inaugurada em 1926 e em 1942 mudou para o prédio da Consolação. Visitas monitoradas às terças e quintas-feiras, às 10h e às 15h. Rua da Consolação, 94.

Edifício Itália é o segundo maior prédio da cidade com 46 andares e 168 m de altura. Inaugurado em 1965. No andar térreo há um teatro e uma galeria de arte. Na parte externa destaca-se o Cavalo Rampante do artista italiano Pericle Fazzini. Visita paga ao terraço panorâmico no 41º andar ocorre diariamente das 15h às 19h. Avenida Ipiranga, 344 (esquina com Avenida São Luís). Telefone: 11-32565574.

Instituto Caetano de Campos – antiga Escola Normal de São Paulo, 1894. Projeto de Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi, início do século passado.
Praça da República, 54.

Como chegar: Linha 3, Vermelha, Estação Anhangabaú ou República do Metrô
Fotos: Hilda Prado Araújo.
*Mário de Andrade “Anhangabaú”, em Pauliceia Desvairada.

Nenhum comentário: