Em 1888, Afonso Augusto Roberto
Milliet comprou de José Maria Talon um terreno com mais de 30 mil m², com
fundos para o córrego do Bexiga, formador do ribeirão Anhangabaú. No local havia um
chalé de quatro cômodos, que foi incorporado à bela residência de treze
cômodos, rodeada por um alpendre, que Milliet mandou construir.
No
início do século XX, a cidade se expandia e em 1902, Milliet vendeu a
propriedade para João Guerra, um rico comerciante de secos e molhados. Nessa
época o terreno já estava reduzido a 22 mil m². Novas reformas deram ao prédio
um estilo mais sofisticado ou como dizem neoclássico
tropical, com afrescos recobrindo as paredes dos diversos aposentos.
Sebastiana de Mello Freire
(1887-1961), a Dona Yayá, foi morar na casa da Rua Major Diogo na década de
vinte. Há indícios de que primeiro morou
como inquilina, pois a compra do imóvel só foi efetivada em 1925. O terreno já diminuíra
para 2.500 m².
Dona Yayá viveu uma
história de tragédias. Era filha de Josefina Augusta de Almeida Mello e Manoel
de Almeida Mello Freire, senador estadual e deputado constituinte. O casal
teve outros três filhos. Uma das irmãs dela morreu aos três anos, asfixiada
pela ingestão de um objeto, quando estava no berço. A outra faleceu aos 13
anos, vítima do tétano depois de se ferir com o espinho de uma árvore. Os pais
adoeceram e morreram no intervalo de dois dias em locais diferentes, quando Sebastiana
tinha 12 anos. Manuel Joaquim de Albuquerque Lins (1852-1926), que mais tarde
viria ser presidente do estado de São Paulo, tornou-se tutor de Sebastiana e de
Manuel de Almeida Mello Freire Junior, o irmão de 17 anos, herdeiros de uma
grande fortuna.
A vida parecia transcorrer normalmente para Dona Yayá, quando a doença mental se manifestou. Ela estava com 32 anos. A riqueza lhe garantiu a assistência médica de que necessitava. Na residência moravam, além de Dona Yayá, numerosa criadagem, o enfermeiro, a amiga Eliza Grant e a prima Eliza de Mello Freire.
Dona Yayá morreu em 1961,
no Hospital São Camilo sem deixar herdeiros. Estava com 74 anos – 40 dos quais
viveu mergulhada na loucura e reclusa no casarão da Bela Vista. A história de
Dona Yayá gerou lendas e levanta muitas teorias ainda hoje. "Seria
dona Yayá louca mesmo ou ela era uma mulher diferenciada para a época?” - questiona
o historiador José Sebastião Witter (USP). Ela era milionária, mas quando
morreu teve uma sepultura anônima no cemitério da Consolação.
Dona Yayá. |
Após vários anos sem uso
definido, finalmente, o prédio foi escolhido para sediar o Centro de
Preservação Cultural da USP – CPC.
Rua
Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo.
Visitação:
das 10h às 16 h. Entrada é gratuita.
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