sexta-feira, 4 de outubro de 2019

OS 80 ANOS DO PARQUE DA ACLIMAÇÃO


O Parque da Aclimação é a sala de visitas do bairro situado na região central da cidade: pertence ao Distrito da Liberdade e é administrado pela Subprefeitura da Sé. No Parque Municipal da Aclimação é possível encontrar praticamente todo mundo da vizinhança – correndo, fazendo tai chi chuan ou ginástica dançante, jogando futebol ou vôlei, lendo, passeando com o cachorro ou simplesmente observando a paisagem. Há quem o utilize apenas para cortar caminho (como eu). Com uma área de 112 mil metros quadrados, o parque tem um lago, concha acústica, playground e espaço para piquenique, um estádio com campo de futebol, duas quadras poliesportivas dotadas de vestiário, departamento médico e administrativo. Há algumas obras de arte do escultor e pintor Arcângelo Ianelli (1922-2009) espalhadas pela área. Vivem no parque 85 espécies de fauna. A maioria, aves como quero-quero, joão-de-barro, sabiás e chupins. É possível observar garças, socós, martins-pescadores e biguás se alimentando no lago.


A história do Parque remonta ao século XIX. Carlos José de Arruda Botelho (1855-1947), o filho mais velho do conde de Pinhal, que fora estudar medicina em Paris, retornou com o projeto de criar em São Paulo um espaço semelhante ao Jardin d’Aclimatation existente no Bois de Boulogne. Comprou a preço de ocasião o sítio do Tapanhoin de 182 mil metros quadrados onde construiu uma granja, um parque de diversões e um zoológico. Isso por volta de 1892. O empreendimento foi um grande sucesso: o parque atraia famílias paulistanas de todos os bairros. O zoológico tinha camelos, hienas e até um urso polar que era bancado pela Cervejaria Antártica, fornecedora do gelo para adequar a temperatura ambiente às características do animal.
Como o sonho dos pais nem sempre é o dos filhos, o Jardim da Aclimação começou a desaparecer quando Botelho transferiu a propriedade para os herdeiros, que começaram a dividir e vender parte da área, quebrando o encanto do lugar. Com o fim da granja e do zoológico, o jardim se deteriorou. Em 1939 o prefeito Francisco Prestes Maia (1896-1965) comprou a área para tentar impedir o avanço imobiliário e o fim do parque. A boa intenção da municipalidade não impediu a decadência do jardim da Aclimação e somente em 1955, quando a situação era alarmante, novo plano de recuperação foi feito pela Prefeitura, mas logo abandonado. Na gestão Janio Quadros (1917-1992), começaram obras de recuperação com a construção de alamedas asfaltadas, concha acústica e campo de futebol, além da instalação de iluminação.
Novamente, o parque entrou em decadência, causando transtornos para os moradores. Em 1972 o prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz (1894-1994) promoveu nova reforma da área: o parque foi fechado com acesso por seis portões; outro playground foi construído e as benfeitorias antigas recuperadas.
Finalmente, depois de muita luta, o Parque da Aclimação foi tombado pelo CONDEPHAAT em 5 de outubro 1986 e em 2007 o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo tombou o eucaliptal por sua importância no clima urbano entre outros motivos. Para os amantes da leitura e estudantes há a Biblioteca Temática em Meio Ambiente Raul Bopp. 

Nos dias atuais, o Parque da Aclimação tem uma movimentação intensa. A pista de corrida de 1.500 metros, dependendo do horário, fica congestionada: atletas de todas as idades transpiram em busca de boa forma e saúde melhor. Crianças brincam, cachorros correm atrás de pombos, passarinhos espiam os frequentadores por entre os galhos enquanto os sabiás, nessa época do ano, se sobressaem na cantoria. Difícil mesmo é encontrar o gambá-de-orelha-preta (saruê) no caminho - ele é o único mamífero que mora lá.
Rua Muniz de Souza, 1119 – Funciona das 6h às 20h. 

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