O
Parque da Aclimação é a sala de visitas do bairro situado na região central da
cidade: pertence ao Distrito da Liberdade e é administrado pela Subprefeitura
da Sé. No Parque Municipal da Aclimação é possível encontrar praticamente todo
mundo da vizinhança – correndo, fazendo tai chi chuan ou
ginástica dançante, jogando futebol ou vôlei, lendo, passeando com o cachorro
ou simplesmente observando a paisagem. Há quem o utilize apenas para cortar
caminho (como eu). Com uma área de 112 mil metros quadrados, o parque tem um
lago, concha acústica, playground e
espaço para piquenique, um estádio com campo de futebol, duas quadras
poliesportivas dotadas de vestiário, departamento médico e administrativo. Há algumas
obras de arte do escultor e pintor Arcângelo Ianelli (1922-2009)
espalhadas pela área. Vivem no parque 85 espécies de fauna. A maioria, aves
como quero-quero, joão-de-barro, sabiás e chupins. É possível observar garças,
socós, martins-pescadores e biguás se alimentando no lago.
A
história do Parque remonta ao século XIX. Carlos
José de Arruda Botelho (1855-1947), o filho mais
velho do conde de Pinhal, que fora estudar medicina em Paris, retornou com o
projeto de criar em São Paulo um espaço semelhante ao Jardin d’Aclimatation existente no Bois de Boulogne. Comprou a preço de ocasião o sítio do Tapanhoin de
182 mil metros quadrados onde construiu uma granja, um parque de diversões e um
zoológico. Isso por volta de 1892. O empreendimento foi um grande sucesso: o
parque atraia famílias paulistanas de todos os bairros. O zoológico tinha
camelos, hienas e até um urso polar que era bancado pela Cervejaria Antártica,
fornecedora do gelo para adequar a temperatura ambiente às características do
animal.
Como
o sonho dos pais nem sempre é o dos filhos, o Jardim da Aclimação começou a
desaparecer quando Botelho transferiu a propriedade para os herdeiros, que
começaram a dividir e vender parte da área, quebrando o encanto do lugar. Com o
fim da granja e do zoológico, o jardim se deteriorou. Em 1939 o prefeito
Francisco Prestes Maia (1896-1965) comprou a área para tentar impedir o avanço
imobiliário e o fim do parque. A boa intenção da municipalidade não impediu a
decadência do jardim da Aclimação e somente em 1955, quando a situação era
alarmante, novo plano de recuperação foi feito pela Prefeitura, mas logo
abandonado. Na gestão Janio Quadros (1917-1992), começaram obras de recuperação
com a construção de alamedas asfaltadas, concha acústica e campo de futebol,
além da instalação de iluminação.
Novamente,
o parque entrou em decadência, causando transtornos para os moradores. Em 1972
o prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz (1894-1994) promoveu nova reforma
da área: o parque foi fechado com acesso por seis portões; outro playground foi construído e as benfeitorias
antigas recuperadas.
Finalmente,
depois de muita luta, o Parque da Aclimação foi tombado pelo CONDEPHAAT em 5 de
outubro 1986 e em 2007 o Conselho Municipal de Preservação do
Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo tombou o eucaliptal por sua importância no clima urbano entre outros
motivos. Para os amantes da leitura e estudantes há a Biblioteca
Temática em Meio Ambiente Raul Bopp.
Nos dias atuais, o Parque da Aclimação tem uma
movimentação intensa. A pista de corrida de 1.500 metros, dependendo do
horário, fica congestionada: atletas de todas as idades transpiram em busca de
boa forma e saúde melhor. Crianças brincam, cachorros correm atrás de pombos,
passarinhos espiam os frequentadores por entre os galhos enquanto os sabiás,
nessa época do ano, se sobressaem na cantoria. Difícil mesmo é encontrar o
gambá-de-orelha-preta (saruê) no caminho - ele é o único mamífero que mora lá.
Rua Muniz de Souza, 1119 – Funciona das 6h às
20h.
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