quinta-feira, 2 de setembro de 2021

EM ROMA, COMO OS ROMANOS.

 

Arco de Constantino, obra do ano 315, uma das maravilhas do Fórum Imperial. Foto de 2011.

Ano 1993. Logo no primeiro dia em Roma, fui ao Fórum Imperial, onde pulsava a vida Império Romano e que, graças à arqueologia, podemos vislumbrar por meio das ruínas de monumentos seculares. Quando estava me aproximando, percebi na calçada em frente uma multidão de turistas esperando para atravessar a avenida. Juntei-me a eles. O trânsito era intenso. Nada de semáforo ou faixa de pedestre. Guarda? Nenhum à vista. O jeito era esperar uma oportunidade... E foi então que apareceram umas pessoas que não hesitaram em iniciar a travessia em meio a carros e ônibus. Fantástico como os veículos pararam sem freadas bruscas ou buzinas de protesto. E todos nós seguimos rapidamente os suicidas em potencial. Só podiam ser da cidade para saberem que não corriam perigo. Esqueci o incidente até o retorno, quando já havia anoitecido. O trânsito continuava intenso nas imediações do monumento a Vitor Emanuel (que destoa de todo o resto). Com os faróis altos ligados, os motoristas pareciam mais apressados do que horas antes, mas desta vez não havia mais ninguém para atravessar. Fazer o quê? O bom de viajar sozinha é descobrir como sair dessas situações que se apresentam. Foi quando surgiu um rapaz que se lançou em meio ao tráfego que parou instantaneamente. Eu, bem, eu tratei de correr atrás dele, certa de que chegaria sã e salva ao outro lado. Em Roma, como os romanos. Felizmente, tudo isso mudou.

Cairo, 2011. As pessoas caminham no meio do trânsito tranquilamente.

E não é que em 2011, no Cairo, passei por experiência semelhante? Já haviam me avisado sobre o trânsito confuso da cidade (aliás, é mais do que confuso) e tive poucos problemas até o dia em que peguei o metrô para ir ao Museu do Cairo. Ao desembarcar, sem saber qual a saída e sem funcionários à vista, usei o velho método do “Uni-Duni-Tê, o escolhido é você”. Subi as escadas e me vi em uma enorme praça que servia como rotatória para um trânsito anárquico e intenso. Ao voltar para a estação, encontrei um casal subindo e resolvi perguntar ao homem pela outra saída. Ele não foi nada simpático, limitou-se a perguntar para onde eu ia. Apontei para uma rua qualquer do outro lado e ele mandou que o seguisse; então nos embarafustamos entre os carros em movimento, desviando de um e de outro. Ao contrário de Roma, os motoristas egípcios não paravam, apenas diminuíam a velocidade; dava para sentir o vento nas costas quando passavam por nós. Ao alcançamos a calçada oposta, ele nem esperou meus agradecimentos. Virou as costas e se foi com a esposa silenciosa. Assim, no Cairo, como os cairotas.

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