A precipitação
é inimiga do bom senso. Outro dia lendo uma matéria sobre a caminhada mais longa
do mundo já fui dizendo que adoraria fazer e até ousei estipular prazos – diga-se
de passagem muito otimistas. Ousadia por dois motivos: a guerra entre a Federação
Russa e a Ucrânia, que se desenvolve no entorno, e, naturalmente, o número de
primaveras acumuladas por mim. A aventura para caminhantes inveterados começa
na Cidade do Cabo, África do Sul, e termina em Magadan, na costa do mar Okhtsk,
na Rússia, pertinho do Japão. Total do percurso: 22.077 km! O autor da matéria afirma
que não há necessidade de aviões ou barcos (segundo ele há pontes no caminho) e
o andarilho passa por dezessete países, seis fusos horários e todas as estações
do ano. Pelo que observei no mapa da rota os países são: África do Sul, Botswana,
Zimbabwe, Zâmbia, Tanzânia, Uganda (ou Ruanda), Burundi, Sudão do Sul, Sudão, Egito,
Israel, Líbano, Síria, Turquia, Geórgia e Rússia. O redator só se esqueceu de
mencionar as regiões desérticas (Kalahari e Núbia) e montanhosas (montes Mitumba,
Muchinga) do caminho... Não se esquecer de levar água mineral já que não é
recomendável beber a local. Vacinas contra doenças tropicais são aconselháveis
(ou exigidas, não sei). Além das tormentas climáticas é sempre bom lembrar dos perigosos conflitos
políticos comuns em várias regiões a atravessar. Calcula-se que o andarilho faria a
proeza em catorze meses caso tenha fôlego e ânimo para caminhar dez horas por
dia. Enfim, tarde demais para mim.
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