quarta-feira, 24 de maio de 2023

FESTIVAL DE CAFÉ

Quarta-feira. “É de manhã, vem o sol” (gosto muito dessa canção) e a rua lá fora chama. Às 10h já estou no ponto esperando condução e, para minha alegria, chega primeiro o trólebus. (Adoro esse veículo que trafega com tranquilidade e me lembra os velhos bondes, afinal têm os movimentos limitados pelos cabos ligados aos fios de energia elétrica.) Embarco e busco o banquinho solitário que me deixa de costas para o motorista. O cobrador retribui o bom dia e pergunta como estou, ele está animado porque já é quarta-feira e o fim de semana está próximo. Vai folgar sábado e começará a semana trabalhando. Que bom!

A cada ponto vão subindo novos passageiros. Não vi quando os garotos subiram. Só os vi quando o mais velho perguntou se o ônibus virava “pra lá”. Não sabia o nome da rua. Mais adiante, ele torna a perguntar. Cobrador e motorista tentam ajudar. São duas crianças e estão de frente para mim. O mais novo curte a viagem. Estão limpos, com roupas simples e bonitinhas. Enfim, o ônibus vira “pra lá” e ele quer descer. O motorista diz que só para no ponto. Quando a porta abre, o mais velho sai rapidamente sem se importar com o mais novo que se apressa. De onde estou vejo os dois atravessando a rua correndo por trás do trólebus para alcançarem outro ônibus que ia em sentido contrário. Ou seja, voltavam. Fico imaginando se tinham tirado a manhã para passear. O cobrador diz que um deve ter uns nove anos e o outro, uns cinco. “Enfim, um com pouco juízo e outro sem nenhum – digo, inconformada com ausência de responsáveis.” O cobrador acha que é proibido transportar menores desacompanhados. O motorista acha melhor tirá-los da rua...Segue-se um debate.

No pátio do Colégio, a novidade é uma xícara gigantesca pintada pelo artista Max Martinez e faz parte do Festival de Café no Triângulo, promovido pela Prefeitura em conjunto com comerciantes. Este ano são 35 participantes. Graças ao evento, que também levou vários músicos para as ruas da região, o Triângulo estava bastante movimentado depois de três anos de desânimo. Escolhi o Centro Cultural Branco do Brasil – para tomar um café e saí decepcionada.

Hora de voltar. 


               Obra de Max Martinez, que deve ser canhoto, pois o outro lado está em branco.


Criação de D. Nascimento.


O cantor (no palco atrás da xícara de Ikeda) cantava um forró  gostoso. Beethoven verde de inveja ou vermelho de raiva? Nem pensar. Ele nem ouvia.


Na praça Antônio Prado, a moça cantava bonito junto ao quiosque que está em reforma.


(O Triângulo é formado pelas Ruas Boa Vista, Líbero Badaró e Direita.)

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