domingo, 7 de maio de 2023

RECUPERAÇÃO DA PRAÇA DA SÉ

Nas minhas andanças pela cidade, não deixei de passar pela Praça da Sé nos últimos anos, quando foi se tornou o cenário triste e lamentável da sociedade em que vivemos. Uma multidão de pessoas ocupou a praça: moradores de rua, usuários e dependentes de drogas, desempregados, doentes e desocupados. O lugar perfeito para ladrões e receptadores agirem. Homens e mulheres, jovens e velhos. Não era fácil ou agradável entrar no metrô. Os lugares preferidos para aglomerações eram na parte superior da entrada da estação e ao lado das escadas rolantes. As escadarias da catedral também eram ocupadas. 

            No restante do espaço, eles dormiam ou ficavam jogados, sem esperança. Era possível observar que havia quem tentasse manter a autoestima, lavando as roupas que estendiam nas grades dos jardins aproveitando o sol. Quantas vezes passei por lá na hora em que os funcionários da prefeitura chegavam para a limpeza, quando as pessoas eram encaminhadas para o lado da praça em frente à Caixa para que o trabalho pudesse ser realizado.

Havia também uma pequena feira – gente em rodinhas conversando, alguns tentando vender coisas que espalhavam pela calçada. Era a “feira de rolo” em que o pessoal vendia objetos de procedência duvidosa (roubo). No ano passado, numa operação da Guarda Civil Metropolitana foram apreendidos celulares, máquinas caça-níquel (?), entorpecentes e R$ 7.607,00 em espécie. Nos dois primeiros meses de 2023, foram registrados mais de 950 roubos pelo 1º Distrito Policia, um aumento de 63% em relação ao mesmo período do ano passado.  

            O que ocorria na superfície da praça tinha sérias consequências no subsolo: a saída da estação do metrô de acesso ao Poupatempo ficou irrespirável porque a fonte, que enfeita o corredor com uma cortina de água corrente, estava sendo usada como banheiro. O cheiro já era insuportável antes da pandemia e em 2022, quando voltei por lá, preferi passar pela parte externa.

Pior mesmo é ouvir os comentários de passageiros de ônibus que transitam no entorno da praça. Comentários infelizes, permeados todo tipo de preconceitos. A situação dessa multidão é angustiante. Não tenho ideia qual seja a solução para o problema que é gigantesco e inclui vários setores da administração pública – desde o combate ao tráfico de drogas, questões de saúde pública e o atendimento das pessoas sem-teto, desempregadas e doentes.

Este mês as autoridades iniciaram a remoção de praticamente todas as pessoas – ficaram bem poucas. A praça passou por uma limpeza rigorosa, foram instalados canteiros de obras divididos por cercas para que os operários trabalhem sem a interferência de pedestres. Essas obras incluem limpeza dos jardins, recuperação do pavimento, troca de luminárias. A ação da prefeitura se estenderá pelo Triângulo, abrangendo 23 ruas.

Importante é que a ação social se estenda às outras regiões da cidade que enfrentam o mesmo problema. 







Moradores de rua, desempregados e dependentes de droga dividem suas tragédias 
e tristezas no mesmo espaço.


Visitantes voltaram e admiram o entorno.

A Praça ganhou uma limpeza profunda, o piso está sendo refeito e a iluminação trocada.

Muitas pessoas ainda continuam vivendo por lá. Vivendo?


Quinta-feira, 4 de maio de 2023, ao entardecer.



,

Nenhum comentário: