Nas minhas
andanças pela cidade, não deixei de passar pela Praça da Sé nos últimos anos,
quando foi se tornou o cenário triste e lamentável da sociedade em que vivemos.
Uma multidão de pessoas ocupou a praça: moradores de rua, usuários e
dependentes de drogas, desempregados, doentes e desocupados. O lugar perfeito
para ladrões e receptadores agirem. Homens e mulheres, jovens e velhos. Não era
fácil ou agradável entrar no metrô. Os lugares preferidos para aglomerações
eram na parte superior da entrada da estação e ao lado das escadas rolantes. As
escadarias da catedral também eram ocupadas.
No restante do espaço, eles dormiam ou ficavam jogados, sem esperança. Era
possível observar que havia quem tentasse manter a autoestima, lavando as
roupas que estendiam nas grades dos jardins aproveitando o sol. Quantas vezes
passei por lá na hora em que os funcionários da prefeitura chegavam para a
limpeza, quando as pessoas eram encaminhadas para o lado da praça em frente à
Caixa para que o trabalho pudesse ser realizado.
Havia
também uma pequena feira – gente em rodinhas conversando, alguns tentando
vender coisas que espalhavam pela calçada. Era a “feira de rolo” em que o
pessoal vendia objetos de procedência duvidosa (roubo). No ano passado, numa
operação da Guarda Civil Metropolitana foram apreendidos celulares, máquinas
caça-níquel (?), entorpecentes e R$ 7.607,00 em
espécie. Nos dois primeiros meses de 2023, foram registrados mais de 950
roubos pelo 1º Distrito Policia, um aumento de 63% em relação ao mesmo período
do ano passado.
O que ocorria na superfície da praça
tinha sérias consequências no subsolo: a saída da estação do metrô de acesso ao
Poupatempo ficou irrespirável porque a fonte, que enfeita o corredor com uma
cortina de água corrente, estava sendo usada como banheiro. O cheiro já era
insuportável antes da pandemia e em 2022, quando voltei por lá, preferi passar pela
parte externa.
Pior
mesmo é ouvir os comentários de passageiros de ônibus que transitam no entorno
da praça. Comentários infelizes, permeados todo tipo de preconceitos. A situação
dessa multidão é angustiante. Não tenho ideia qual seja a solução para o
problema que é gigantesco e inclui vários setores da administração pública –
desde o combate ao tráfico de drogas, questões de saúde pública e o atendimento
das pessoas sem-teto, desempregadas e doentes.
Este
mês as autoridades iniciaram a remoção de praticamente todas as pessoas – ficaram
bem poucas. A praça passou por uma limpeza rigorosa, foram instalados canteiros
de obras divididos por cercas para que os operários trabalhem sem a interferência
de pedestres. Essas obras incluem limpeza dos jardins, recuperação do
pavimento, troca de luminárias. A ação da prefeitura se estenderá pelo
Triângulo, abrangendo 23 ruas.
Importante
é que a ação social se estenda às outras regiões da cidade que enfrentam o
mesmo problema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário