Aproveito
o final do outono para andar e terça-feira tentei explorar a região Oeste que a
linha Lilás (5) do metrô serve. A Chácara Klabin conheço há muitos anos; já
havia ido ao Campo Belo para visitar o Instituto Casa Vilanova Artigas (Rua
Barão de Jaceguai, 1151). Conheço também os arredores da estação
AADC-Servidores, onde se destacam a própria Associação de Assistência à Criança
Deficiente, entidade sem fins lucrativos criada em 1950 para tratar, reabilitar
e integrar à sociedade pessoas de todas as idades com deficiência, e o Centro
Esportivo “Mané Garrincha”, clube municipal que oferece várias atividades
esportivas e recreativas para a população.
Dessa vez resolvi ir até a Vila das Belezas, atraída pelo nome. Onde
fica? A divisão administrativa da Capital é complicada. A vila das Belezas
pertence ao Distrito da Vila Andrade que, por sua vez, faz parte da
Subprefeitura de Campo Limpo. Em 1922 Aristodemo Gazzotti, um italiano cheio de
boas intenções e proprietário de uma imobiliária, lançou um empreendimento
imobiliário na área rural do município de Santo Amaro a que deu o nome de Vila
das Belezas. Poderia até ser uma ótima ideia, mas o projeto não teve sucesso e
em 1935 Santo Amaro foi incorporado ao município de São Paulo. A iniciativa não
foi adiante, mas com o fluxo migratório intensificado a partir de 1950, houve
um adensamento populacional e a falta de moradias tornou a região, distante do
centro, propícia à ocupação irregular, dando origem a favelas. Mais tarde a
Vila Andrade, próxima ao Morumbi, se tornou uma opção atraente para
empreendimentos destinados às classes alta e média, principalmente pelos preços
mais sedutores.
Essa mudança do perfil econômico foi importante para a Vila das Belezas,
pois atraiu faculdades e universidades; entretanto, deparei-me com uma paisagem
árida. Não me animei a explorar além do entorno da estação do metrô por causa
das ruas mal cuidadas e calçadas estreitas e em mau estado. Ruas e ruelas
irregulares e estreitas são vestígios dos tempos do arruamento espontâneo, pois
as pessoas constroem as casas no espaço possível com o pouco que têm. Nos
tempos em que trabalhei no jornalismo diário, conheci quase todas as favelas de Baixada
Santista e uma das características de todas era a rua irregular. Calçada era
luxo. Na vila paulistana, as casas são quase todas de alvenaria, não vi
barracos, tão comuns nas favelas do Litoral.
Da plataforma da estação nota-se a vila cercada por edifícios enormes.
Foi importante para mim conhecer esse lado da cidade.
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