quarta-feira, 7 de junho de 2023

VILA DAS BELEZAS

 Aproveito o final do outono para andar e terça-feira tentei explorar a região Oeste que a linha Lilás (5) do metrô serve. A Chácara Klabin conheço há muitos anos; já havia ido ao Campo Belo para visitar o Instituto Casa Vilanova Artigas (Rua Barão de Jaceguai, 1151). Conheço também os arredores da estação AADC-Servidores, onde se destacam a própria Associação de Assistência à Criança Deficiente, entidade sem fins lucrativos criada em 1950 para tratar, reabilitar e integrar à sociedade pessoas de todas as idades com deficiência, e o Centro Esportivo “Mané Garrincha”, clube municipal que oferece várias atividades esportivas e recreativas para a população.

Dessa vez resolvi ir até a Vila das Belezas, atraída pelo nome. Onde fica? A divisão administrativa da Capital é complicada. A vila das Belezas pertence ao Distrito da Vila Andrade que, por sua vez, faz parte da Subprefeitura de Campo Limpo. Em 1922 Aristodemo Gazzotti, um italiano cheio de boas intenções e proprietário de uma imobiliária, lançou um empreendimento imobiliário na área rural do município de Santo Amaro a que deu o nome de Vila das Belezas. Poderia até ser uma ótima ideia, mas o projeto não teve sucesso e em 1935 Santo Amaro foi incorporado ao município de São Paulo. A iniciativa não foi adiante, mas com o fluxo migratório intensificado a partir de 1950, houve um adensamento populacional e a falta de moradias tornou a região, distante do centro, propícia à ocupação irregular, dando origem a favelas. Mais tarde a Vila Andrade, próxima ao Morumbi, se tornou uma opção atraente para empreendimentos destinados às classes alta e média, principalmente pelos preços mais sedutores.

Essa mudança do perfil econômico foi importante para a Vila das Belezas, pois atraiu faculdades e universidades; entretanto, deparei-me com uma paisagem árida. Não me animei a explorar além do entorno da estação do metrô por causa das ruas mal cuidadas e calçadas estreitas e em mau estado. Ruas e ruelas irregulares e estreitas são vestígios dos tempos do arruamento espontâneo, pois as pessoas constroem as casas no espaço possível com o pouco que têm. Nos tempos em que trabalhei no jornalismo diário, conheci quase todas as favelas de Baixada Santista e uma das características de todas era a rua irregular. Calçada  era luxo. Na vila paulistana, as casas são quase todas de alvenaria, não vi barracos, tão comuns nas favelas do Litoral.

Da plataforma da estação nota-se a vila cercada por edifícios enormes. Foi importante para mim conhecer esse lado da cidade.




Homenagem a Carlos Zéfiro, autor do famoso “catecismo” – como eram chamadas as histórias eróticas em quadrinhos que ele desenhou e publicou escondido entre 1950 e 1970. Essa era uma atividade paralela à do funcionário público do Ministério do Trabalho. As revistas, que eram ilegais, eram encontradas em bancas de jornal, que arriscavam a licença vendendo a publicação por baixo do pano. Carlos Zéfiro era o pseudônimo de Alcides Aguiar Caminha (1921-1992), funcionário público acima de qualquer suspeita. A Identidade dele só foi revelada pouco antes de sua morte em uma reportagem da revista Playboy.



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