terça-feira, 11 de julho de 2023

O JEQUETIBÁ-ROSA

Nenhuma das pessoas a quem perguntei sabia onde era a rua Aspásia. A Sertãozinho desapareceu.

Ela parece perdida no meio daquela floresta de concreto e vidro, que lhe tirou o status de emergente, mas não conseguiu roubar-lhe a beleza, o porte altivo e a grandeza serena que, infelizmente, poucos observam ao passar com pressa de carro ou a pé pela Avenida Brigadeiro Faria Lima. Chama-se Cariniana legalis, mas é mais conhecida por jequitibá-rosa – árvore nativa brasileira e símbolo dos estados de São Paulo e Espírito Santo. Esse jequitibá-rosa foi plantado em 1959 por Irene Lewis, moradora da região, na esquina das ruas Aspásia com Sertãozinho, no Itaim-Bibi. Durante a implantação da Operação Urbana Faria Lima em 1995, o jequitibá-rosa só não foi ao chão por intervenção dos moradores que se mobilizaram a seu favor. Aliás, na ocasião, a Operação Urbana Faria Lima mobilizou ricos, pobres – por motivos bem diferentes, arquitetos e urbanistas – também por motivos diferentes. Os defensores da árvore venceram: o prefeito Paulo Maluf (1931) aprovou e o traçado da avenida foi refeito com um desvio para a construção do canteiro central em torno do jequitibá-rosa. Na ocasião, o arquiteto Júlio Neves, autor do projeto, afirmou que valia a pena a prefeitura gastar mais R$ 800 mil reais para salvar a árvore do corte.* O jequitibá-rosa já tem 64 anos e mais de 15 m de altura.

            A maior coleção de jequitibás conhecida está no Parque Estadual de Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro (SP), onde se encontram as duas maiores árvores de São Paulo: Patriarca, com cerca de seiscentos anos e 45m de altura e a Matriarca com 48m de altura. Ambos fazem parte da lista dos seres mais antigos do planeta.

*Fonte: Folha de S. Paulo, 14/01/1994.




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