O penúltimo dia de junho é dedicado a Pedro, cognome que o pescador Simão recebeu de Jesus, segundo a bíblia. O folclore brasileiro desenvolveu uma grande familiaridade com os santos, atribuindo-lhes algumas qualidades específicas, que Lamartine Babo em 1934 se encarregou de contar na deliciosa marchinha “Isso é lá com Santo Antônio”, gravada por Carmen Miranda e Mário Reis.
Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
São João disse que não!
São João disse que não!
Isto é lá com Santo Antônio!
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio
São João ficou zangado
São João só dá cartão
Com direito a batizado
São João não me atendendo
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso
Disse o velho num sorriso
Minha gente, eu sou chaveiro
Nunca fui casamenteiro!
São
Pedro, entretanto, não foi tema preferido dos compositores. Aparece quase
sempre como coadjuvante de João e Antônio. O pessoal da geração “baby boom”
lembra os tempos em que as festas juninas eram realizadas nos quintais das
casas e tinham fogueiras, foguetórios e balões. As comidas eram feitas em casa
com antecedência, assim como os balões coloridos.
Com o crescimento das cidades e a industrialização, os
costumes tiveram que se enquadrar nesta nova realidade. Em 1951 soltar balão e
foguetes tornou-se contravenção prevista no Código Penal e punida com prisão
(15 a 20 dias) com multa. Os
compositores Romeu Gentil (1911-1983) e Francisco da Silva Fárrea Júnior, o Paquito (1915-1975), lamentaram o fato na composição “Promessa a São João” em 1953:
Meu Santo Antônio, meu São Pedro e São João
É muito grande a nossa aflição
Já não se pode mais soltar foguete
Fazer fogueira nem soltar balão.
Soltar
balão continua proibido.
No século XXI, os santos festeiros continuam sendo homenageados – a festa estende-se até julho, com quermesses, muita comida, apresentação de quadrilhas, grupos musicais com a decoração tradicional e até roupa típica – pelo menos uma camisa xadrez e um chapéu de palha. Quanto ao cardápio, tem que ter amendoim, pinhão, pamonha, curau, pé-de-moleque e de moça, canjica, doce de abóbora, paçoca e doce de leite. Além de sucos para as crianças, quentão e vinho quente para os marmanjos.
No
Nordeste, as festas juninas fazem parte do calendário turístico de muitas
cidades – Campina Grande (PB), por exemplo, atrai milhares de pessoas.
Como diz a rancheira “Charanga do Céu”, de 1952, o “baile na roça não tem confusão/ João no cavaco faz a marcação/ Pedro na sanfona vai à introdução..."
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