Frequentemente,
escrevo sobre as caminhadas e passeios que faço, afinal uma senhora aposentada
tem que arranjar o que fazer do seu tempo, sem obrigação e sem compromisso.
Naturalmente, passeio pode ser feito de várias formas – de carro, ônibus, trem,
metrô, VLT, bicicleta, moto, caminhão, avião e barco (não importa o tamanho),
skate ou patins, mas o original e mais proveitoso mesmo é caminhar. Ao caminhar
a pessoa aproveita a paisagem, observa e ouve as pessoas em torno, descobre
caminhos novos e avalia as mudanças que a cidade teve ao longo dos anos – modas
e modismos. Sem falar que faz bem à saúde.
Minhas
caminhadas começaram na infância e estenderam-se até a adolescência. Chovesse
ou fizesse sol eu ia para a escola a pé; quando iniciei o clássico pegava o
bonde 32 e, na época da faculdade, o trólebus 53 – este passava na rua onde eu
morava. Não foi diferente quando fui trabalhar: a empresa não era longe e
condução, só em dias chuvosos. Andar sempre fez parte da minha história e só
aos poucos se tornou uma prática desafiadora.
A primeira caminhada longa foi na Serra do Mar, promovida pelo Grupo de Andarilhos do Enguaguaçu, entidade ecológica criada pela esportista e cronista santista Lydia Frederici (1919-1994). Achei que poucas pessoas se arriscariam a descer o velho Caminho do Mar (Estrada Velha de Santos) a pé num domingo de verão tórrido, mas foram necessários uns dez ônibus para levar todos os inscritos até o topo da Serra e voltar para apanhá-los em Cubatão. Anos depois, um grande desafio: ir a pé de Peruíbe a Iguape – dessa vez em uma das muitas caravanas organizadas pelo o ambientalista Ernesto Zwarg Jr. (1925-2009) em defesa da preservação da Jureia e do Caminho do Telégrafo do Imperador. Novas experiências: descer pela rodovia Mogi-Bertioga antes da inauguração e em outra ocasião fui, com um pequeno grupo organizado por minha amiga jornalista e escritora Elaine Saboia, conhecer o caminho pela encosta da Serra de Mogi que leva à Vila de Itatinga, no Litoral Norte – um dos lugares mais belos que conheci. Fiz também uma caminhada na Ilha do Cardoso. Bons tempos em que era possível se aventurar com segurança.
O tempo passou e eu agora me restrinjo a caminhadas urbanas não apenas por São Paulo e Santos, mas em qualquer cidade em que esteja. Levanto e abro as janelas – para o sol ou para a chuva e o burburinho da rua. É na rua que a vida fervilha. Gosto de observar, pensar sobre o que vejo, às vezes escrever sobre lugares e situações. Encontro pessoas de todos os tipos no caminho – desde trabalhadores, os tradicionais vagabundos, artistas de rua, pedintes, loucos, ambulantes, crentes de todos os tipos, tagarelas insuportáveis, drogados, indiferentes, fofoqueiros e loucos...É nas ruas que se pode ver que o tempo passa, tudo muda, se renova – mudam as pessoas, muda a moda.
4 comentários:
Adorei!
Obrigada, Nilton! Precisamos combinar um passeio - mais ameno, claro. Um abração.
Hilda, legal lembrar dessas trilhas. Também fiz algumas delas. Material muito bom!
Sônia
Bons tempos, ótimas caminhadas, Sonia.
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