sexta-feira, 30 de agosto de 2024

NEM SONHOS DE PADARIA

O Cine Carlos Gomes é parte muito importante da minha infância em Santos. Assim que tive idade para ir ao cinema, minhas tias me levavam às matinês de domingo com direito a dois filmes. Quando chegávamos ao cinema, minhas tias compravam dropes e algumas vezes chocolate; entrávamos na sala imensa, intensamente iluminada, ao som de músicas de sucessos orquestradas. Elas buscavam um bom lugar, nos acomodávamos e esperávamos as luzes diminuírem até se apagarem. As cortinas abriam-se lentamente para um mundo de fantasia, beleza e paixões. O programa começava com o cinejornal Canal 100, de Carlos Niemeyer, em seguida havia trailers dos próximos lançamentos e, finalmente, os filmes em cartaz. Tudo isso me ocorre porque está sendo demolido o prédio em que funcionou a Cine Cruzeiro na rua Domingos de Morais, 486 (Largo Ana Rosa, São Paulo), com capacidade para 2.196 pessoas! O cinema foi inaugurado em 1943. Deve ter contribuído para a alegria de milhares de pessoas, ou pelo menos bons momentos. Quando mudei para Sampa nos anos 1980, ele já não existia. O prédio era ocupado por uma padaria, depois por uma loja do supermercado Pão-de-Açúcar, fechado recentemente. Em breve, mais um mega condomínio.   

Em tempo  jamais me esqueci da música que abria o noticiário esportivo, mas só a identifiquei muitas décadas depois: “Na cadência do samba”, de Luiz Bandeira (1923-1998). 

"Que bonito é/ As bandeiras tremulando/ A torcida delirando/ Vendo a rede balançar/ Que bonito é/ A mulata requebrando/ Os tambores repicando/ uma escola desfilar..."




https://www.youtube.com/watch?v=xzML0vUoC7c

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