“Percebo
que, à medida que envelheço, vou-me desprendendo, cada vez mais, das coisas do
mundo, não levado pela ideia da morte, mas pelo sentimento da vida. As ambições,
as recompensas, as injustiças vão-me parecendo, cada vez mais, elementos ligados
ao que a vida tem de progressivamente circunstancial. Mas o viver é, na minha
idade, desligar-se das circunstâncias e explorar o que a vida tem de próprio,
de independente de tudo o que se chama ‘vencer na vida’. Agora compreendo bem isto, e nada do que é
inerente ao êxito me atrai mais. A vida me impele às afeições, à leitura, à
meditação do que leio, à contemplação, às viagens, a conversas com alguns
poucos, ao bom vinho, às coisas simples pelas quais os homens devem viver e
morrer.”
AFONSO ARINO DE MELO FRANCO
In: "Alto-Mar Maralto". Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1976.


Um comentário:
Muito bom
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