quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

LIVROS À MANCHEIA
Considerada pela UNESCO uma das maiores bibliotecas nacionais do mundo e a maior da América Latina, a Fundação Biblioteca Nacional abriga nove milhões de itens. E tudo começou há 208 anos. Quando a família real mudou para o Brasil incluiu (felizmente) na bagagem os livros e documentos da Real Biblioteca da Ajuda, de Lisboa, com um acervo de cerca de 60 mil peças entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas. Não havia lugar no Rio de Janeiro para colocar o material e o jeito foi acomodar tudo nas salas do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita (atual Primeiro de Março) até que um decreto real de 29 de outubro de 1810 determinou que se erigisse e instalasse nas catacumbas daquele hospital “a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Fazenda Real toda a despesa conducente ao arranjo e manutenção do referido estabelecimento”.
A data oficial de fundação da Biblioteca Nacional é 29 de outubro de 1810. Com a Independência do Brasil, ela passa a ser denominada Biblioteca Imperial e Pública e em 1825 foi adquirida pelo governo. Em 1838 a instituição recebeu dos herdeiros de José Bonifácio de Andrade e Silva cerca de cinco mil volumes, inclusive cartas de personagens de diversos países com os quais o patriarca da Independência manteve correspondência.
Com o crescimento continuo da biblioteca, tornou-se essencial a construção de um espaço adequado ao acervo da instituição. A decisão foi tomada no início do século XX. O construtor e engenheiro general Francisco Marcelino de Souza Aguiar foi autor do projeto do edifício que tem capacidade para um milhão e meio de livros impressos e todo o acervo de manuscritos, estampas entre outras coisas. A pedra fundamental foi lançada em 1905 e a inauguração ocorreu no centenário da instituição, em 1910. O diretor da Biblioteca Manoel Cícero Peregrino da Silva encomendou aos artistas Modesto Brocos, Rodolfo Amoedo e Eliseu Visconti painéis e estátuas para o salão de leitura e galeria da presidência. O mobiliário foi feito pela Art Metal Construction Company em aço esmaltado, exceto as cadeiras que têm base de ferro e a parte superior de madeira, com assento de palhinha e encosto forrado de couro.
Em 1909 iniciou-se a transferência do acervo para o novo prédio sem interrupção do atendimento dos usuários. Foram necessárias 1.132 viagens para transportar as cerca de 400 mil obras. E em 1910, finalmente, a Biblioteca Nacional, depositária do patrimônio bibliográfico e documental do Brasil, começou a funcionar no seu novo endereço. Em 2006 foi criada a Biblioteca Nacional Digital (BNDigital), que integra todas as coleções digitalizadas, o que a iguala “às maiores bibliotecas do mundo no processo de digitalização de acervos e acesso a obras e serviços via Internet”.
A Sala Cofre, coberta por uma bela claraboia, é o espaço de obras raras. Atrás das treliças de madeira que cercam a sala estão os cofres e cerca de dois quilômetros lineares de prateleiras onde ficam as raridades. Em 1922 ela abrigou também a Câmara dos Deputados – que nem é tão rara assim. Há ainda as Salas de obras gerais, dos manuscritos, de iconografia, armazém. O acesso aos jardins, projetado pela Burle Marx & Cia Ltda. é pela Rua México.

Visitas guiadas de segunda-feira a sexta-feira em português às 11 h e 15 h e em inglês às 13h. Endereço: Avenida Rio Branco, 219. 
                                          Saguão da Biblioteca Nacional. Foto: Hilda Araújo.

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