A DAMA DO JARDIM
Esta
senhora fica de sentinela no acesso à Ilha das Cobras, na baía de Guanabara
(RJ). Um lugar estratégico: o jardim do Serviço de Documentação da Marinha de
onde olha nostálgica para a cidade. Apesar do rosto um tanto quanto deteriorado
pelo destino trágico, digamos assim, ela é bela e atrai o olhar do pedestre logo
que ele inicia a travessia da pequena ponte que liga o continente à ilha.
A
dama é espanhola e estava a caminho da Argentina a bordo do vapor Príncipe de
Asturias, quando a embarcação naufragou perto da Ilha de São Sebastião, na madrugada
de 6 de março de 1916. Morreram 445 pessoas, sobrevieram 143. A dama desapareceu.
O destino dela era compor o monumento “La Carta Magna e las Cuatro Regiones
Argentinas”, que estava sendo erguido em Buenos Aires.
Como
havia outras peças para o monumento no navio naufragado, só restou aos
argentinos fazer nova encomenda aos espanhóis. Entretanto, quando o novo
material chegou em 1919, houve um problema na aduana portenha que reteve tudo por
um bom tempo. Enfim, problemas não faltaram nos anos seguintes e o monumento só
foi inaugurado em 1927.
Nossa
dama só reapareceu em 1990, quando foi resgatada do casco do naufrágio para a
segurança do jardinzinho da Ilha das Cobras, que abriga o complexo do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
(AMRJ), o Hospital Central da Marinha, o Centro de Perícias Médicas da Marinha,
o Comando Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, o Presídio da Marinha, entre
outras repartições da Marinha de Guerra do Brasil.
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