ESTRELA ULTRAPOBRE
A mais brilhante
estrela ultrapobre em metais (UMP) conhecida até agora foi identificada por uma
equipe de astrônomos do Brasil e dos Estados Unidos, coordenada pelo professor
Jorge Meléndez, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
(IAG) da Universidade de São Paulo. O trabalho desenvolveu-se no Observatório
Europeu do Sul (ESO), sediado no Chile.
A ultrapobre não
recebeu nenhum nome poético, pelo menos até agora; ganhou uma identificação alfanumérica
bem sem graça: 2MASS J18082002–5104378. O informativo do
IAG/USP explica que estrelas com menor quantidade de metais são essenciais para
o estudo detalhado do início da Via Láctea (onde está localizado o sistema
solar) porque elas são mais primitivas. A distância aproximada da estrela em
relação ao sistema solar é de 2500 anos-luz, ou seja, a luz da estrela demora
2.500 anos para chegar a Terra.
O esplendor do céu
noturno ou a fúria da natureza sempre atraíram a curiosidade e o interesse do
homem. Os vestígios das culturas pré-históricas – como iranianos, babilônios,
chineses, hindus, gregos e maias – mostram com clareza essa preocupação de
observar metodicamente os astros. Cláudio Ptolomeu (110-170), usando dados de
vários observadores, fez uma descrição matemática dos movimentos planetários do
Sol e da Lua, que serviram de base para a astronomia ocidental durante os
catorze séculos seguintes até que Copérnico (1473-1543) demonstrou que a Terra
girava em torno do Sol e não o contrário. O resto é história da ciência e da
política.
Os astrônomos da
antiguidade viam muito mais que astros pelo céu. À medida que identificavam as constelações
davam-lhes nomes de animais, de figuras mitológicas ou de objetos que reconheciam
nos desenhos. Das 48 constelações descritas por Ptolomeu, 47 continuam com o
mesmo nome. E há ainda os poetas, que se encarregaram de dar mais beleza ao
cenário vislumbrado da Terra. Os gregos representavam a Lua como uma bela jovem
que percorre o céu num carro de prata puxado por dois cavalos; figura semelhante
à de Apolo, deus da Luz, que transporta diariamente o carro do Sol para o alto
do céu e depois o guarda atrás das montanhas. Nem Ptolomeu resistiu à beleza: “[...] Mas, quando sigo à minha
vontade a densa multidão de estrelas no seu curso circular, os meus pés deixam de
tocar a Terra...”.
A
astronomia desenvolveu-se a partir do século XX graças aos avanços da
tecnologia, permitindo inclusive o grande salto para Lua em 20 de julho de
1969. Dia ou noite o céu
continua maravilhoso, apesar dos aviões, foguetes e satélites artificiais que
desde o século XX – para o bem ou para o mal – circulam por lá.
Canal da Mancha, 8 de junho, 2015. Foto: H.P.A.
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