AH! O MEU CHAPÉU.
Sol ou o frio. Um deles
foi motivo para que o homem cobrisse a cabeça há alguns milênios. E assim
começou a história do chapéu. Primeiro uma peça útil. Depois, um ornamento. Um luxo.
A peça pode ser vista nas representações artísticas egípcias, gregas, romanas.
Páris, o herói grego, usava um barrete, segundo o mito. Mais tarde o barrete
frígio foi usado por escravos romanos. Na Revolução Francesa (1789), tornou-se
um símbolo dos revolucionários. Em latim chamava-se cappellus, (diminutivo de cappa).
Em francês, no século XII, evoluiu para chapel
e designava um penteado usado por homens e mulheres, mas no século XV já era chapeau, nosso conhecido chapéu, segundo
nos ensina Houaiss. Até meados do século XX foi uma peça indispensável do
guarda-roupa masculino e feminino.
Inspiração para pintores, poetas,
escritores e letristas de músicas populares. Foi tema do belo e premiado filme de
Júlia Zakai – “O chapéu do meu avô” (São Paulo, 2004).
Mas como diz o poeta:
Mil
novecentos e pouco.
Se passava alguém na rua
sem lhe tirar o chapéu
Seu Inacinho lá do alto
de suas cãs e fenestra
murmurava desolado
― Este mundo está perdido!
Agora que ninguém porta
nem lembrança de chapéu
e nada mais tem sentido,
que sorte Seu Inacinho
já ter ido para o céu.
"Cortesia", Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
Se passava alguém na rua
sem lhe tirar o chapéu
Seu Inacinho lá do alto
de suas cãs e fenestra
murmurava desolado
― Este mundo está perdido!
Agora que ninguém porta
nem lembrança de chapéu
e nada mais tem sentido,
que sorte Seu Inacinho
já ter ido para o céu.
"Cortesia", Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
“O
orvalho vem caindo,
Vai
molhar o meu chapéu,
E
também vão sumindo,
As
estrelas lá no céu,
Tenho
passado tão mal,
A
minha cama é uma folha de jornal.”
"O
Orvalho vem caindo", Noel Rosa (1910-1937).
Quando ela pôs o chapéu
Como se tudo acabasse,
Sofri de não haver véu
Que inda um pouco a demorasse.
"Quadras ao gosto popular", Fernando Pessoa.
"Chapéu azul", 1922: Tarsila do Amaral (1886-1973). |
Tumba do faraó Tuntakhamon, 1332-1322 a.C. |
Mitrídates VI, rei do Ponto, 134-63 a.C. |
Afresco de Brancacci, Florença. |
Tela de Bert Morisot, 1889. |
Rainha Elizabeth II, que usa chapéus com muita classe. |
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