CARNAVAL FOI ADIADO
Que
ninguém se desespere. Não é boato espalhado pelas redes sociais. A notícia é
verdadeira, mas antiga. E o fato realmente aconteceu no Brasil, conhecido
também como o país do Carnaval. Em 1912 a festa foi transferida pelo governo federal
de fevereiro para abril. Motivo: a morte de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o
barão de Rio Branco, na véspera do Carnaval. O barão foi o responsável pela
consolidação do território nacional, contribuiu para a construção da identidade
nacional, conquistada por meio de uma política externa firme e por isso muito
admirado, querido e respeitado pelo povo brasileiro; entretanto a decisão das
autoridades acabou proporcionando aos foliões dois carnavais no mesmo ano, pois
a medida oficial foi não levada muito a sério.
José Maria da Silva
Paranhos Júnior (1845-1912) teve uma vida morna até 1895, quando o presidente
Glover Cleveland (1837-1908) dos Estados Unidos, concedeu ao Brasil a posse de
todo o território em questão na contenda com a Argentina sobre os limites com
nosso país. José Maria era filho do visconde de Rio Branco (1819-1880), uma das
pessoas mais influentes do Império. Advogado, jornalista, historiador e
geógrafo, Juca (como era chamado) destacou-se como diplomata. Ele foi responsável
pela definição das fronteiras que resultou na liderança brasileira na América
do Sul e no aumento do prestígio internacional do país. Afinal, ele conseguiu a
vitória com a Argentina obtendo soberania brasileira sobre a região de Palmas
(1895); venceu o litígio contra França na definição de fronteiras com a Guiana
Francesa. No período em que ocupou o Ministério das Relações Exteriores
(1902-1912) fechou com a Bolívia a compra do Acre (1903) e estabeleceu os limites
com a Guiana Holandesa – atual Suriname, Colômbia, Peru e Uruguai.
Com o Barão do Rio
Branco, o povo sentiu-se brasileiro e respeitado internacionalmente. O barão torna-se
seu herói. Rui Barbosa disse que “literalmente do Amazonas ao Prata há um nome
que parece irradiar por todo círculo do horizonte num infinito de cintilações:
o do filho do emancipador dos escravos, duplicando a glória paterna com a de
reintegrador do território nacional”.
Na vida privada, Paranhos
Júnior conheceu o preconceito de sua época e viveu um romance típico de
folhetim. Em 1872 conheceu Marie Philomène Stevens. Ela era artista do Alcazar
Lyrique (Rua da Vala, atual Uruguaiana), uma casa de espetáculos, onde
apresentava “números ligeiros”, segundo a crônica da época. O visconde não
gostou e providenciou que a moça voltasse para a Europa. No início do ano
seguinte, ela teve um filho, Raul. Juca Paranhos Jr. providenciou a volta da
amante e instalou-a numa casa na praia do Caju, no Rio. Mais tarde foram para a
Europa, onde eles viveram 26 anos uma vida secreta. O casal teve cinco filhos:
Raul, Clotilde. Hortência, Paulo e Amélia, mas o casamento só aconteceu em 1888
após ele se tornar Barão de Rio Branco.
O professor Luís
Cláudio Villafañe G. Santos é autor de “O Evangelho do Barão – Rio Branco e a
identidade brasileira”, um ótimo livro que nos permite entender a importância do
personagem na história do país e do seu legado. Editora UNESP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário