FAROFA OU PAÇOCA?
Não sabia que a origem da palavra paçoca era Tupi. A paçoca, ensina
Houaiss, é a farinha que resulta da mistura de vários ingredientes socados
juntos no pilão. Raras crianças não se deliciaram com aquele doce de amendoim
que esfarela todo quando o papel não é tirado com cuidado. Novidade mesmo para
mim foi descobrir que um prato delicioso que minha avó preparava era paçoca:
carne assada, desfiada, socada no pilão com farinha de mandioca. Ela chamava de
farofa que comíamos com banana nanica. E a palavra farofa tem origem no
quimbundo, língua falada em Angola. Mas voltando ao assunto, a farofa,
dependendo da ocasião, podia ser bem simples: fritando a farinha na manteiga e
adicionando pedacinhos de ovo cozido.
Nesses tempos em que impera a lei do menor esforço, o pilão com seu
pistilo (mão de pilão) é pouco visto pelas lojas de utensílios culinários,
embora seja muito antigo e essencial numa boa cozinha. Em casa tínhamos um de
pedra com uns 30 cm de diâmetro. Bastante pesado. Interessante que em
laboratórios, onde é muito usado, o pilão ganha o nome de almofariz, palavra de
origem árabe.
Bem, toda essa farofa (conversa fiada) para chegar ao prato de domingo
que em casa era carne assada com macarrão ou nhoque, acompanhado de salada, mas
podia variar e então o centro da mesa era ocupado por galinha – sempre
selecionada entre as que viviam no galinheiro, no fundo quintal, gordinhas e
bem cuidadas.
Depois do almoço minhas tias tinham programa certo: as matinées do Cine Carlos Gomes (Avenida
Ana Costa) ou Cine Bandeirantes (Rua Lucas Fortunato), dependendo do filme em
cartaz. Eu ia de contrapeso. Domingos inesquecíveis.
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