SÁBADO TEM FEIJOADA
É antiga a discussão sobre a invenção da
feijoada. Aliás, perde-se no tempo o debate sobre a origem do feijão – alguns
historiadores dizem que já era consumido há 11 mil anos na Ásia e outros
relatam sua existência há sete mil anos no continente americano. Por aqui os
silvícolas consumiam feijões e favas, segundo o português Gabriel Soares de Sousa
(1540-1591), agricultor e dono de engenho estabelecido em Salvador entre 1565 e
1569.
O folclorista Câmara Cascudo conta que os naturalistas
estrangeiros que passaram pelo Brasil no século XIX revelam em seus escritos a
presença da leguminosa na alimentação diária da população em todo o país. Eles contam
que geralmente o feijão era cozido com carne de vaca e toucinho e outros vegetais.
Para o estudioso pernambucano “o que chamamos ‘feijoada’ é uma solução europeia
elaborada no Brasil. Técnica portuguesa com o material brasileiro”.
Cascudo cita o cozido preparado com várias
carnes (vaca, porco, carneiro, pato ganso), legumes e hortaliças, comum na Europa
latina. É o conhecido cozido português; a olla
podrida, puchero, paella e cocido espanhóis; pot pourri
e cassoulet da França; bollito italiano; pilota catalã (com grão-de-bico) entre outros. “Com esses
antecedentes era natural que o português alargasse as fronteiras da feijoada
magra e pobre, do triste feijão na água e sal.”
Nas receitas antigas que o pesquisador
compilou, nota-se a ausência das verduras que fazem parte dos cozidos
tradicionais. E de modo geral usava-se o feijão mulatinho. A chamada feijoada
completa surgiu no final do século XIX e início do século XX. Os ingredientes
principais são feijão preto, carne seca, linguiça calabresa, paio, lombo
defumado, orelha de porco, pé de porco, rabo de porco, língua de porco,
costelinha de porco, cebola e alho. Geralmente, acompanham farinha de mandioca
(sempre ela), couve manteiga. A laranja também é novidade recente.
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