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Anúncio com Jean Harlow (1911-1937). |
domingo, 30 de julho de 2017
MENINOS, ASSOEM O NARIZ!
sábado, 29 de julho de 2017
domingo, 23 de julho de 2017
ARTE E LOUCURA
O psiquiatra
paraibano Osório Thaumaturgo Cesar (1895-1979)
iniciou a luta pela humanização do tratamento dos alienados e introduziu a arte
como recurso terapêutico em psiquiatria no Brasil. Viveu um período na Europa,
onde foi discípulo de Carl Jung. Estabeleceu-se em São Paulo, no início de 1931,
casou-se com Tarsila do Amaral (uma união que durou pouco) e trabalhou no
Hospital Psiquiátrico do Juquery (Franco da Rocha) até 1965, quando se
aposentou. Ali fundou a Escola Livre de Artes Plásticas cujas exposições, mais
de cinquenta, atraíram atenção de intelectuais como Sérgio Milliet e Flávio de
Carvalho. A Escola foi desativada em 1970. Entre seus vários livros, destaca-se
Misticismo e Loucura, premiado pela
Academia Brasileira de Letras em 1948. Osório Cesar doou parte da sua coleção
para o Museu de Arte de São Paulo, que realizou três exposições das obras,
sendo a última em 2015.
Os trabalhos produzidos na Escola foram
reunidos, na década de 1980, pela professora de arte Maria Heloísa Corrêa de
Toledo Ferraz (ECA/USP), responsável pela organização do Museu Osório Cesar,
inaugurado em 1985 em um dos pavilhões do complexo do Juquery.
No momento, é possível conhecer algumas obras
dos internos – quase todos anônimos – do Sanatório Pinel (Pirituba) e do Manicômio Judiciário do
Juquery – reunidas na mostra promovida pelo Arquivo
Público do Estado de São Paulo, aberta à visitação de segunda à sexta-feira das
9 às 16h30.
Se o título da exposição
não é dos melhores (Mais que humanos –
Arte no Juquery), o conteúdo é muito valioso sob vários aspectos. Além das
pinturas e esculturas, que expressam o sofrimento e as angústias dos pacientes,
é possível ler os prontuários de dezoito internos do Pinel. Esses documentos
revelam a história dessas pessoas, o motivo do encaminhamento para internação e
a avaliação médica ao ingressar na instituição, onde frequentemente eram
abandonadas pela família.
Ao percorrer a exposição
chama atenção a poesia de Stela do Patrocínio (1941-1997), internada por 35
anos na Colônia Juliano Moreira (Rio de Janeiro).
É dito: pelo
chão você não pode ficar
Porque lugar
da cabeça é na cabeça
Lugar de
corpo é no corpo
Pelas paredes
você também não pode
Pelas camas
também você não vai poder ficar
Pelo espaço
vazio você também não vai poder ficar
Porque lugar
da cabeça é na cabeça
Lugar de
corpo é no corpo
A exposição é uma parceria da APESP, Museu de Saúde Pública Emílio
Ribas – Instituto Butantã, Instituto de Psicologia da USP, Museu Osório Cesar –
Complexo Hospitalar do Juquery.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
sábado, 15 de julho de 2017
São Paulo vista do mirante do Banespa, 2011. Foto: Hilda Prado Araújo. |
Adoro esta cidade
São Paulo é conforme meu coração
Aqui nenhuma tradição
Nenhum preconceito
Nem antigo nem moderno
Contam apenas esse apetite furioso essa confiança absoluta esse otimismo essa audácia esse trabalho esse labor essa especulação que fazem construir dez casas por hora de todos os estilos ridículos grotescos belos grandes pequenos norte sul egípcio ianque cubista
Sem outra preocupação além de seguir as estatísticas prever o futuro o conforto a utilidade a mais-valia e atrair uma grande imigração
Todos os países
Todos os povos
Amo isso
As duas três velhas casas portuguesas que restam são azulejos azuis*
sexta-feira, 14 de julho de 2017
A Marselhesa, Arco do Triunfo, Paris, 8/05/2012. |
(Foto: H.P.P. Araújo.)
quinta-feira, 13 de julho de 2017
BRASIL FRANCÊS
França e Brasil têm uma história regada a
batalhas e amores, consolidada por laços culturais. Antes que Pedro Álvares
Cabral desembarcasse aqui, os franceses já frequentavam estas terras tropicais
para extrair bateladas de pau-brasil. Enquanto espanhóis e portugueses, no
século XVI, se dedicavam ao processo “civilizatório” dos nativos a partir da
cristianização, os franceses (e os holandeses) se empenhavam em planos mais
refinados.
O primeiro começou a ser implantado em 1555,
com a fundação da França Antártica na baía de Guanabara, onde desembarcaram
André Thevet (1534-1611) e Nicolas Durant de Villegagnon (1510-1571). Uma
demonstração do bom gosto francês. Thevet escreveu a “História de uma viagem
feita à terra do Brasil”, que se tornou um sucesso editorial – em cem anos teve
sete edições em francês e algumas em latim. Os tupinambás caíram de amores pelo
charme francês. E os franceses, pelas nativas. Belas e liberais. Afinal, ao
contrário dos portugueses que os escravizavam, os franceses os tratavam bem e
logo formaram uma aliança que rendeu muitos embates para os lusitanos.
O segundo plano foi a implantação em 1612 da
França Equinocial, no Maranhão, e que resultou na fundação da cidade de São
Luís. A expedição francesa foi comandada por Daniel de La Touche. Mais uma vez
a aventura rendeu boa literatura: os padres capuchinhos Claude d’Abeville e
Yves d’Evreux escreveram dois livros importantes – o primeiro, “História dos
padres capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas” e o segundo,
“Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 e 1614”.
É difícil imaginar que o Brasil deve muito a
Napoleão Bonaparte (1769-1821). Quando as tropas francesas ameaçaram a
soberania portuguesa, o príncipe João reuniu a corte e parte da real biblioteca
portuguesa e, numa moderna arca de Noé, mudou de Lisboa para Salvador; porém,
logo mudou para o Rio de Janeiro. Na solidão dos trópicos, ele se tornou rei:
D. João VI. Com a queda de Napoleão, restabeleceram-se as relações comerciais
com a França e por que não convidar um punhado de ilustres franceses para
abrilhantar a corte?
O grupo que desembarcou no Rio em março de
1816 era mais poderoso do que o encabeçado por Thevet e Villegagnon – vinha
para conquistar corações e mentes. A missão francesa, organizada e chefiada por
Joachim Lebreton (1760-1819), era composta pelos pintores Jean-Baptiste Debret
e Nicolas-Antoine Taunay e o filho Félix, ainda aprendiz; arquiteto Auguste
Montigny e seus assessores Charles Lavasseur e Louis Ueier; escultor Auguste-Marie
Taunay; músico Sigismund Neukomm; gravador Charles-Simon Pradier; mecânico
François Ovide; ferreiro Jean-Baptiste Leve; serralheiro Nicolas Magliori
Enout. Vieram também dois peleteiros – Pelite e Fabre; dois carpinteiros –
Louis-Jean Roy e o filho Hypollite. Alguns meses depois vieram o escultor Marc
Ferrez e o gravador Zéphyrin Ferrez. O resultado da missão francesa foi bastante
positivo e teve reflexos na formação dos artistas brasileiros mais importantes
dos anos que se seguiram.
No século XX, nova leva de franceses
invadiria o Brasil, mais precisamente São Paulo. Em 1906 o governo paulista fez
um acordo com a França para a reformulação da Força Pública, o que deu origem à
Missão Militar Francesa de Instrução da Força Pública, comandada
pelo coronel Paulo Balagny. O militar ministrou o primeiro curso de armeiro do
estado, foi responsável pela introdução oficial no Brasil do boxe, esgrima e
ginástica sueca. A missão atuou entre 1906 e 19014 e 1919 e 1924.
São Paulo perdeu a guerra Constitucionalista
em 1932, mas venceu politicamente quando Vargas cedeu e indicou para presidência
do estado Armando de Salles Oliveira que investiu na criação da Universidade de
São Paulo (USP) porque, na percepção do grupo constitucionalista do qual ele
fazia parte, o desenvolvimento seria alcançado por meio da educação. “De São Paulo não sairão mais guerras civis
anárquicas, e, sim, 'uma revolução intelectual e científica', suscetível de
mudar as concepções econômicas e sociais dos brasileiros”, nas palavras de
Sérgio Milliet (1898-1966). Assim, o
governo paulista não investiu em projeto privado, mas público e, portanto,
democrático. A USP foi fundada em 1934.
Como desenvolver essa universidade? Mais uma
vez a inspiração foi a França de onde vieram o etnógrafo Claude Lévi-Strauss
(1908-2009), o historiador Fernand Braudel (1902-1995) e o sociólogo Roger
Bastide (1898-1974), responsáveis pela formação de grandes pesquisadores,
professores e intelectuais brasileiros. A USP, atualmente, é a mais importante
universidade do país.
Mas foi em meados do século passado que um
francês alto e narigudo deixou os brasileiros bem aborrecidos. Tudo começou em
1961, quando barcos pesqueiros franceses invadiram águas territoriais
brasileiras em busca de lagostas, gerando um incidente internacional. Franceses
e brasileiros indignados. Os dois países mobilizaram suas forças navais, o
presidente Charles de Gaulle (1890-1970) empinou o nariz e decretou que “o
Brasil não é um país sério”. E logo apareceu “A Marcha da Lagosta”, uma paródia
do hino francês:
Larga esta lagosta
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O Rio de Debret. |
quarta-feira, 12 de julho de 2017
UM COPO DE VINHO
Deux tournées une discussion, et une discussion une querelle.
Une querelle, une bataille, et une bataille deux gendarmes.
Les frais mènent à la ruine, la ruine mène au suicide, le suicide mène à la mort.
La mort cause des veuves joyeuses, et des belles mères en joie.
bois modérèment,
paie honorablement,
pars amicalement.
et fais une tendre bise à ta femme
en pensant à celle des autres.
Mon Dieu,
Donnez moi la santé pour longtemps
De l'amour de temps en temps
Du boulot, pas trop souvent
Mais du bordeaux tout les temps.
terça-feira, 11 de julho de 2017
L’ on y danse, l’on y danse
Sur le pont d'Avignon
L’ on y danse tout en rond.
Pont St. Bénézet ou D"Avignon. Foto: Hilda Araújo, 2012. |
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O livro de francês, 1959. |
segunda-feira, 10 de julho de 2017
O ABAJUR LILÁS
Francês já foi a língua estrangeira mais falada no Brasil e só
foi suplantada pelo inglês após a II Guerra, quando a predominância
norte-americana se estabeleceu no Ocidente. Falar francês era elegante e os
galicismos se infiltraram no Português, enlouquecendo professores como Dona
Zulmira Campos (Liceu Feminino Santista), que os varria das redações com sua
assustadora caneta vermelha.
Vamos galicismar:
Madama depois de fazer a maquilagem – batom vermelho vivo e um toque de ruge nas bochechas – vestiu o tailleur marrom, depois apanhou o mantô para enfrentar o frio incomum. Sonhou por um momento com o calor e se lembrou do maiô que vislumbrara em uma vitrina meses atrás. Toalete completa. Antes de sair desligou o abajur. O chofer, encostado ao chassi do carro, a esperava junto à porta do chalé.
Dona Zulmira teria me dado zero, depois de uma descompostura. A garota teimosa poderia ter continuado a descrição.
O destino de madama era um cabaré ou boate, onde sonhava saborear um
champanhe, aproveitar o bufê e flertar com o aviador de brevê novo e pincenê
antigo, muito chique em seu paletó de percalina, que ela conhecera dias antes.
O garçom a receberia com um buquê de rosas e a levaria para a mesa especial de
onde poderia admirar a cantora que fazia jus ao cachê e à corbelha com que era
saudada ao fim de cada apresentação.
A essa altura a mestra teria realmente desmaiado – tanto pelos galicismos quanto pelo cabaré, ambiente pouco recomendado para adolescentes. Ao se recuperar, certamente, enviaria a fedelha para a diretoria, recomendando uma séria conversa com os responsáveis. Dona Zulmira costumava verificar todos os dias a lição de casa das garotas, que abriam os cadernos sobre as carteiras para ela colocar o visto enquanto ia dizendo que seus olhos sempre batiam nos erros. Ameaça apavorante para todas. Foi uma ótima professora. Hoje estaria assombrada com os anglicanismos que invadem a vida de todos nós...
domingo, 9 de julho de 2017
*CANÇÃO do Soldado Constitucionalista, de Guilherme de ALMEIDA.
segunda-feira, 3 de julho de 2017
Athié Jorge Coury (1904-1992) foi jogador de futebol, presidente do Santos Futebol Clube e deputado federal.