terça-feira, 11 de julho de 2017

LE PONT ST. BÉNÉZET
Quem diria que um dia eu ainda iria conhecer a Pont St. Bénézet, nome oficial da célebre Pont d’Avignon cuja existência descobri nas aulas de francês do Liceu Feminino Santista... Nossa professora, Anne Marie Louise, era uma senhora alta de cabelos grisalhos e dona de olhos verdes perfurantes, capazes de ler o mais recôndito pensamento das alunas. Bem, pelo menos eu achava que podiam. Usava com maestria o sarcasmo para mostrar-nos a desaprovação à indisciplina ou ao desleixo nos estudos ou mesmo com a aparência.
Minha primeira professora de francês. Houve mais dois mestres – uma professora no Colégio Canadá e um professor particular; entretanto, Dona Anne Marie foi inigualável. Se os cadernos se perderam ao longo dos anos, os livros de Irma Aragonez Forjaz estão bem guardados no armário, amarelecidos pelo tempo e um deles me diz que foi em 1959 que ouvi falar pela primeira vez da Ponte de Avignon. Lá está o refrão de “Sur le pont d’Avignon”, música que  remonta ao século XV: 

Sur le pont d'Avignon,
L’ on y danse, l’on y danse
Sur le pont d'Avignon
L’ on y danse tout en rond.


O que ela nunca nos disse é que ninguém dançava sobre a ponte, que foi construída no século XII e tinha cerca de 900m de extensão e 22 arcos. Uma enchente do rio Rhône (Ródano) em 1660 destruiu praticamente toda a ponte, deixando apenas quatro arcos.  É uma visão estranha: uma ponte que não leva a lugar nenhum. Certamente, é encantadora.
Pont St. Bénézet ou D"Avignon. Foto: Hilda Araújo, 2012.



Avignon, conhecida como a cidade dos Papas, fica perto de Marselha. No século XIV era propriedade do rei de Nápoles. Quando o Papa Clemente V lá se instalou em 1309, a igreja católica passava por uma grande crise de poder que se estendeu até 1377, ano em que Roma voltou a ser sede da igreja. Nesse período, Avignon foi residência de sete papas: Bento XII, Clemente VI, Inocêncio VI, Urbano V, Gregório XI e Bento XIII.




Para sede da igreja foi construído um palácio em estilo gótico entre 1335 e 1364; em 1348, o Papa Clemente VI comprou a cidade, que permaneceu propriedade da igreja até 1791, quando foi incorporada à França. O Palácio dos Papas sobreviveu às turbulências políticas francesas e tornou-se um belo museu. O centro histórico da cidade faz parte do patrimônio mundial da UNESCO desde 1995. 
Assim, a visita a Avignon em 2012 foi também uma boa lembrança da adolescência e de uma ótima professora. 

O livro de francês, 1959.















Semana francesa.

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