LE PONT ST. BÉNÉZET
Quem diria que um
dia eu ainda iria conhecer a Pont St. Bénézet, nome oficial da célebre Pont
d’Avignon cuja existência descobri nas aulas de francês do Liceu Feminino
Santista... Nossa professora, Anne Marie Louise, era uma senhora alta de
cabelos grisalhos e dona de olhos verdes perfurantes, capazes de ler o mais
recôndito pensamento das alunas. Bem, pelo menos eu achava que podiam. Usava
com maestria o sarcasmo para mostrar-nos a desaprovação à indisciplina ou ao
desleixo nos estudos ou mesmo com a aparência.
Minha primeira
professora de francês. Houve mais dois mestres – uma professora no Colégio
Canadá e um professor particular; entretanto, Dona Anne Marie foi inigualável. Se
os cadernos se perderam ao longo dos anos, os livros de Irma Aragonez Forjaz
estão bem guardados no armário, amarelecidos pelo tempo e um deles me diz que
foi em 1959 que ouvi falar pela primeira vez da Ponte de Avignon. Lá está o
refrão de “Sur le pont d’Avignon”,
música que remonta ao século XV:
Sur le pont
d'Avignon,
L’ on y danse, l’on y danse
Sur le pont d'Avignon
L’ on y danse tout en rond.
L’ on y danse, l’on y danse
Sur le pont d'Avignon
L’ on y danse tout en rond.
O
que ela nunca nos disse é que ninguém dançava sobre a ponte, que foi construída
no século XII e tinha cerca de 900m de extensão e 22 arcos. Uma enchente do rio
Rhône (Ródano) em 1660 destruiu praticamente toda a ponte, deixando apenas
quatro arcos. É uma visão estranha: uma ponte que não leva a lugar
nenhum. Certamente, é encantadora.
Pont St. Bénézet ou D"Avignon. Foto: Hilda Araújo, 2012. |
Para sede da igreja
foi construído um palácio em estilo gótico entre 1335 e 1364; em 1348, o Papa
Clemente VI comprou a cidade, que permaneceu propriedade da igreja até 1791,
quando foi incorporada à França. O Palácio dos Papas sobreviveu às turbulências
políticas francesas e tornou-se um belo museu. O centro histórico da cidade faz
parte do patrimônio mundial da UNESCO desde 1995.
Assim, a visita a Avignon em 2012 foi
também uma boa lembrança da adolescência e de uma ótima professora.
O livro de francês, 1959. |
Semana francesa.
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