O
PRIMEIRO EDITORIAL
PARA SERVIR
Cada jornal que se abre há de ser, pelos próprios objetivos
da imprensa, uma trincheira a mais na defesa da dignidade do homem e das
instituições por ele criadas para garantia da vida comum, na paz e no
entendimento, assim como daquelas outras instituições que, transcendendo o
humano, refletem e guardam as mensagens e o exemplo deixado por Deus na terra.
Assim se explica havermos colocado junto ao nome deste
jornal, para que diariamente penetre, com ele, todos os olhos e alcance todos
os corações, o brasão da altiva e generosa cidade de Santos, que justamente se
orgulha de sua tradição de ensinar não apenas o amor pela pátria, mas também a
grande virtude da caridade.
CIDADE DE SANTOS chega para, em harmonia com os demais que
sobre seus ombros tomaram o alto mister do jornalismo no grande porto do café,
assim como em todas as áreas que com ele formam a grande metrópole os frutos
primordiais da Imprensa, que são, conforme consagrou sua Santidade o Papa Paulo
VI, a informação e formação.
Forcejaremos para que o jornal que agora se apresenta à
ordeira e laboriosa população santista esteja à altura daquelas tradições que o
emblema do município ressalta. A informação imparcial, o comentário sereno, a
total independência, a preocupação de ajuntar aos fatos o complemento cultural
que contribua para o aperfeiçoamento intelectual, a certeza de que nossas
portas e colunas estarão abertas ao diálogo, o empenho em dar à notícia de
Santos a divulgação que ela merece, a férrea disposição de defender a justiça
social – eis um pouco da matéria-prima de que será feita a CIDADE DE SANTOS.
Contamos, para isso, com o apoio dos leitores, das grandes
massas de trabalhadores e dos empresários, veículo que o jornal dos interesses
das mensagens de uns e outros. Juntos, haveremos de servir à Pátria e ajudar os
homens na sementeira do Amor, a grande força construtiva.
ACERTOS
PARA VENCER. Superado o impacto de lançamento,
a tiragem do jornal não cresceu por causa dos limites de encalhe. A rotina
editorial envolvia denúncias de descalabros na Prefeitura de Santos, de
corrupção, especialmente nas empresas públicas e nos postos de gasolina, sem
contar golpes imobiliários como o que resultou na grilagem de parte da praia do
José Menino, divisa com São Vicente. Todo esse cenário era apresentado ao
leitor com a criatividade gráfica de Fraterno.
A tiragem era realmente baixa,
apesar do esforço dos repórteres e colunistas. Frias e Caldeira cobravam
resultados de Aggio Jr.; Adolfo (Circulação) e de Pires (Publicidade) o pressionavam.
“Precisávamos descobrir o que estava acontecendo, pois, teoricamente, tínhamos
tudo para crescer.” Diante do problema o triunvirato foi às ruas pesquisar.
Freddi, Adolfo e Ággio Jr. ouviram leitores, não leitores e, principalmente,
jornaleiros – os que escutam o leitor em primeira mão. E foi uma portuguesa,
dona de uma das principais bancas da cidade, quem elucidou o enigma. “Ela
apontou para um exemplar do jornal pendurado na banca e, com linguajar rude e
direto, proclamou: ‘É vonitinho, mas ordinário. Não tem letras, só vranco.
E vranco ninguém lê’.”
Eles voltaram para a Redação e
tentaram mostrar a realidade a Fraterno Vieira. Inutilmente. Com muito custo
extraíram dele uma pequena alteração nas páginas internas, mas nada de alterar
a cara do jornal. A verdadeira modificação aconteceria algum tempo depois, após
uma crise interna provocada por Fraterno e que resultou na saída dele. Horley e
Torres assumiram a responsabilidade de mudar a apresentação do jornal a partir
das próprias concepções gráficas, com resultados positivos nas vendas.
Mais tarde dois profissionais de
peso deixaram A Tribuna para se juntar ao novo periódico: o cronista
esportivo DE VANEY e o chargista J. C. LÔBO.
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